Críticas a PVC: jornalista minimiza calotes de clubes em meio à disputa Flamengo x Libra?
O comentarista Paulo Vinícius Coelho, o PVC, voltou a ser assunto entre torcedores e analistas após defender, em live recente, que o bloqueio solicitado pelo Flamengo na Justiça sobre valores da Libra, a liga que reúne parte dos clubes da Série A, seria desnecessário. O jornalista argumentou que, como o contrato entre a Libra e a Rede Globo tem validade até o fim de 2029, haveria tempo suficiente para o julgamento do mérito do processo. A fala, no entanto, repercutiu mal, especialmente entre rubro-negros e especialistas que enxergam na tese um risco real de o dinheiro “sumir” antes que o caso seja resolvido.
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O episódio ganhou destaque no último fim de semana, quando PVC participou de uma transmissão ao vivo com o canal “Barbacast”, onde abordou a disputa do Flamengo com a Libra. Citando o advogado André kampff, colunista do UOL e especialista em direito esportivo, o comentarista sustentou que bloqueios só ocorrem quando há perigo de o recurso ser perdido. Como os repasses da Globo se estendem até 2029, segundo ele, não haveria motivo imediato para travar as parcelas devidas à entidade.
O problema é que o argumento ignora o ritmo do Judiciário e a natureza das arbitragens esportivas, frequentemente demoradas. Advogados que acompanham o caso lembram que a decisão sobre o mérito pode ultrapassar o prazo contratual da Libra. “E se a sentença sair depois de 2029, quando o contrato já estiver encerrado e a entidade talvez nem exista mais?”, questionou o advogado Pablo Malheiros em transmissão no canal Ser Flamengo.
O debate em torno da fala de PVC se agravou porque, para muitos, ela relativiza a segurança financeira de um dos maiores contratos da história recente do futebol brasileiro. Na prática, o Flamengo alega que há falhas no anexo que define a distribuição das verbas por audiência. A direção do clube carioca pede na Justiça o bloqueio de parte dos repasses até que a questão seja resolvida.
Segundo o ex-presidente Rodolfo Landim, o acordo inicial previa apenas as premissas básicas do contrato, deixando detalhes sobre a audiência para discussão posterior, e é justamente essa lacuna que gerou o impasse. O dirigente afirmou que o atual presidente, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, “tem razão” ao questionar a Libra, o que reforça o entendimento de que o Flamengo não concordou integralmente com os critérios de rateio.
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A leitura feita por PVC, no entanto, simplifica o contexto. Ao defender que o dinheiro poderia “voltar ao Flamengo” caso o clube vença no mérito, o comentarista desconsidera o risco prático de que a Libra não disponha mais dos recursos, já que os repasses são distribuídos gradualmente. Em outras palavras: mesmo que o Rubro-Negro obtenha vitória judicial, pode não haver de onde reaver o montante.
A crítica ganhou força nas redes e entre colegas de profissão. Enquanto a Justiça não define o mérito, as parcelas seguem sendo pagas, e esse dinheiro já está se perdendo.
PVC, que ao longo da carreira se notabilizou pela seriedade e erudição ao tratar do futebol, acabou se tornando personagem do noticiário, algo que não é saudável ao jornalista. Ainda que tenha ressaltado o direito de ter opinião e o respeito aos colegas, a reação pública indica que sua leitura jurídica não passou despercebida, nem foi bem recebida.
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No fundo, a discussão vai além de uma divergência técnica. Trata-se de um embate entre a prudência institucional e a confiança no “depois se resolve”. Para o Flamengo, o bloqueio é uma forma de garantir o que entende ser seu direito antes que o dinheiro circule e se dilua entre dezenas de clubes. Para PVC, é um exagero, uma medida precipitada. O tempo, e a própria Justiça, dirão qual visão prevalecerá. Mas, até lá, o episódio já serviu para acender um debate incômodo: quando o jornalista vira notícia, a profissão perde o foco, e o público, a referência.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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