No dia 10 de abril de 2019, o Conselho Deliberativo do Flamengo aprovou por unanimidade, a assinatura do contrato com o Governo do Estado do Rio de Janeiro para administrar junto com o Fluminense, o Maracanã por 180 dias inicialmente. Eleito em março do mesmo ano a presidente do Conselho Fiscal, Sebastião Pedrazzi tratou de criar mais uma comissão temática para o órgão: a de “Acompanhamento da administração do Maracanã”.
A comissão, formada por três membros do próprio Conselho: Alan Flavio da Fonseca, José Pires da Costa e Oswaldo Luiz Humbert, também incluiu no seu rol de acompanhamento, a gestão da “Empresa Fla-Flu”, criada para ficar responsável pelas contas do estádio em julho de 2019. Ao longo do tempo, três ofícios foram feitos para o executivo do clube para esclarecimentos. A maioria dos pedidos foram respondidos, mas outros não. Com isso, a direção de Rodolfo Landim foi chamada para esclarecimentos. Na ocasião, todos os 14 membros do Fiscal, titulares e suplentes, tiveram suas dúvidas esclarecidas, segundo informou uma fonte. Alguns dos temas não dependiam diretamente do Fla, mas do Flu, que apresenta problemas nos seus processos políticos internos.
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O assunto “administração do Maracanã” voltou a ser debatido entre sócios e conselheiros após a declaração dada por Sérgio Bessa em entrevista ao Canal Ser Flamengo, no dia 17 de março. Segundo ele, os resultados da administração do Maracanã não chegam ao Conselho Fiscal, que não faz pedidos formais de esclarecimentos.
— Qual é o resultado da “operação Maracanã” dentro do Flamengo? A gente não sabe. Eu não sei dizer pra você se o Flamengo está ganhando dinheiro ou está perdendo dinheiro com o Maracanã. Isso nunca chega nas demonstrações financeiras ao Conselho Fiscal de maneira aberta. Quanto o Fluminense deve para o Flamengo? Não sei. O Conselho Fiscal tem que fazer pedidos formais sobre isso e o Conselho não faz de jeito nenhum —, disse Bessa.
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ESCLARECIMENTO DO TEMA EM REUNIÃO PARA ANÁLISE DO BALANÇO DE 2021 DO FLAMENGO:
Na última quinta (24), o Conselho Fiscal se reuniu para concluir o parecer do balanço do Flamengo da temporada passada. O órgão tem entre suas atribuições estatutárias, o dever de emitir pareceres técnicos sobre as contas para serem apresentados e lidos na reunião do Conselho Deliberativo, a que vai aprovar ou não o resultado financeiro do clube.
Após o debate sobre o parecer, o diretor financeiro do Flamengo, Fernando de Góes, foi questionado por Sérgio Bessa sobre o resultado financeiro da gestão do Maracanã. O executivo apresentou um slide com todos os números relativos a operação do estádio. O contrato de parceria com o BRB, muito debatido nos últimos dias, também foi colocado em pauta e explicações sobre o tema foram dadas na ocasião.
A OPERAÇÃO DO MARACANÃ TEM DADO LUCRO OU PREJUÍZO?
Flamengo e Fluminense vem gerindo o Maracanã há três anos. Somente em 2019 se obteve lucro: R$ 10 milhões. Nos demais anos, 2020 e 2021, houve prejuízo por conta do afastamento do público em virtude da Covid-19. No balanço do Rubro-Negro, o déficit será apresentado, seguido de uma nota explicativa. Vale lembrar que a dupla FlaxFlu jamais conseguiu abrir e fechar uma temporada inteira recebendo público no estádio. No início da pandemia, os torcedores puderam ir ao Maracanã até março e no ano passado, somente a partir de outubro. O lucro líquido e os custos são divididos entre as partes.
A expectativa para 2022 é de otimismo, pois se puder receber público normalmente na temporada, o saldo final será de lucro com bilheteria, sócio torcedor, que também deve aumentar consideravelmente e venda com camarotes. O Flamengo certamente terá um incremento importante em suas receitas e a sociedade com o Flu voltará a ficar no azul como em 2019.
COMO FUNCIONA A “EMPRESA FLA-FLU”
A gestão do Maracanã entre os clube é feita através de uma Sociedade em Conta de Participação (SCP), quando duas empresas se unem com fim específico, visando a divisão dos resultados. Ela não tem personalidade jurídica própria. É parecido com o que o próprio Flamengo faz com o Banco de Brasília (BRB) no “Nação BRB FLA”.
Entre as responsabilidades dos administradores do estádio, estão:
– Gestão do fluxo financeiro com recebimentos de aluguéis para jogos, show e demais eventos;
– Contratação de prestadores de serviços, fornecedores, seguranças, limpeza, alimentação e outros;
– Responsabilidade de todo custo do estádio, o que inclui água e luz;
– Fiscalização para pagamento dos clubes (Fla e Flu) para atuarem no estádio.
Na sociedade constituída, há funcionários indicados pelos dois clubes. Outro ponto que vale ressaltar, é que a gestão agrega todo o complexo, o que inclui o museu e o Maracanãzinho, por exemplo e os valores alcançados com as partidas disputadas no estádio como receitas com bilheteria, camarotes e custos na operação de jogo, vão direto para as agremiações.
Numa entrevista concedida no início de março deste ano ao Lance!, o CEO do Maracanã, Severiano Braga, negou que o Fluminense possua dívidas e disse que as prestações dos clubes estão em dia
— Não tem (dívida do Fluminense). O Flamengo e o Fluminense estão rigorosamente em dia com as prestações. Temos um caixa do Maracanã, e o que o Flamengo tem que contribuir ele contribui, o que o Fluminense tem que contribuir ele contribui. Estão todos alinhados e não tem dívida —, esclareceu.
OS RESULTADOS FINANCEIROS DO MARACANÃ APARECEM NO BALANÇO DO FLAMENGO?
No balanço, não há detalhamento da administração do Maracanã, mas há alguns números apresentados, como o adiantamento recebido pela venda de camarotes. Até o terceiro trimestre de 2021, o valor era de R$ 8,035 milhões. Outros dados apresentados aparecem como “estádio/jogos/Maracanã” na peça que está disponibilizada no site e é apresentada aos Conselheiros. Esse tipo de lançamento é considerado normal, já que quem tem tudo detalhado, o que inclui todos os setores do clube com documentações e contratos, é o Conselho Fiscal. Inclusive, os membros são obrigados a assinar um termo de confidencialidade, pois têm acesso a negociações e informações sigilosas.
Em caso de dúvidas, os sócios podem protocolar pedidos de esclarecimentos nos poderes do Flamengo, o que inclui o próprio CoFi e em reuniões dos Conselhos Deliberativo e Administração, que sempre colocam os “assuntos gerais” em suas pautas. Não há registros internos de pedidos formais com questionamentos sobre o contrato com o BRB e nem da administração do Mario Filho.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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