A confirmação do tetracampeonato da Libertadores transformou a noite rubro-negra em um mapa vivo de celebrações que atravessou fronteiras, fusos e idiomas. Do interior do Maranhão a cidades dos Estados Unidos e de Portugal, a torcida do Flamengo ocupou ruas, praças e bares para celebrar uma conquista que não ficou restrita ao apito final. A vitória sobre o Palmeiras, que selou o título continental, funcionou como ponto de partida para uma sequência de manifestações espontâneas, registradas em vídeos que circulam nas redes e ajudam a dimensionar o alcance dessa mobilização.
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As imagens se acumulam ao longo da noite e avançam pela madrugada. Em Araioses, no Maranhão, uma cidade de interior pouco acostumada a holofotes nacionais, carreatas tomaram as vias com buzinaços, bandeiras improvisadas e caixas de som ligadas no volume máximo. O cenário se repete em Alto Alegre, Catolé da Rocha e Varjota, sempre com o mesmo traço: organização informal, presença de famílias inteiras e uma alegria que não dependeu de convocação oficial. A celebração nasce do impulso coletivo e se espalha por contágio.
No Sudeste, a vibração também encontrou formas próprias. Em Guaçuí, no Espírito Santo, um grupo improvisou a festa com objetos inusitados, enquanto, no Rio de Janeiro, a Mangueira se tornou ponto de encontro para rubro-negros que misturaram canto de arquibancada com o repertório tradicional do bairro. Em Jaraguá do Sul, no Sul do país, o registro reaparece pela segunda e terceira vez na série.
O alcance internacional dá outra dimensão ao fenômeno. Em Nova Jersey, nos Estados Unidos, torcedores se reuniram com camisas, bandeiras e narração compartilhada em tempo real, reforçando o vínculo com o clube mesmo a milhares de quilômetros do Maracanã. Em Portugal, imagens mostram a festa em solo europeu, com concentração em áreas frequentadas por brasileiros, mas também com curiosos locais observando a euforia. A celebração, ali, ganha contornos de reencontro cultural, em que o futebol serve como elo com o país de origem.
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A leitura desses registros ganha ainda mais peso quando colocada em perspectiva recente. Levantamento publicado pelo jornal O Globo apontou a torcida rubro-negra como a mais barulhenta do Brasil em 2025, liderando médias e picos de intensidade sonora medidos em decibéis ao longo do Campeonato Brasileiro. A repercussão desse estudo ajuda a desmontar a ideia de que a massa flamenguista se sustenta apenas em simpatizantes ocasionais. O que se vê nas ruas, nos interiores e fora do país aponta para um pertencimento consolidado, que se manifesta com a mesma força dentro e fora dos estádios.
A sequência de vídeos mostra também uma repetição geográfica curiosa. Maranhão, Bahia, Paraíba, Amazonas, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Pará aparecem em cadeia, muitas vezes com mais de um registro por cidade. Em Parintins, no Amazonas, a festa volta a surgir em diferentes ângulos. Em Alfenas, em Minas Gerais, imagens captadas por drone revelam a extensão da carreata. Em Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, a comemoração toma a via principal. Não há roteiro definido, apenas a certeza de que a vitória precisava ser vivida coletivamente.
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O tetracampeonato da Copa Libertadores amplia um histórico já marcante e reforça um traço identitário do clube: a capacidade de mobilizar pessoas muito além do entorno imediato. As cenas vindas de tantos pontos diferentes não falam apenas de um título, mas de um modo específico de torcer, que ocupa o espaço público e transforma a conquista esportiva em evento social.
Ao final da sequência, fica a sensação de que a festa ainda não terminou. Ela apenas mudou de cidade, de rua ou de país. Enquanto houver alguém vestindo vermelho e preto, em qualquer canto do mapa, a comemoração encontra um novo palco.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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