Fato ou Fake! Flamengo esclarece ação contra a Libra e desmonta narrativas da mídia e dos rivais
O Flamengo divulgou nesta quarta-feira (1) uma nota oficial em formato de “Fato ou Fake” para responder às críticas e informações consideradas distorcidas sobre sua atuação dentro da Libra. O clube afirma que entrou na liga por decisão própria, porque acredita na criação de um modelo unificado para o futebol brasileiro, mas acusa a entidade e parte dos integrantes de descumprirem o estatuto ao aplicar critérios de divisão de receitas não aprovados em assembleia. A iniciativa ocorreu após semanas de pressões, declarações na imprensa e especulações sobre uma possível ruptura entre o Rubro-Negro e os demais clubes do bloco.
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Na publicação, o Flamengo buscou esclarecer os motivos da ação judicial movida contra a Libra. O ponto central da divergência é a divisão de 30% das receitas provenientes dos direitos de transmissão, que segundo o estatuto deveriam ter critérios definidos por unanimidade. Seis cenários foram apresentados em assembleia, mas não houve consenso. Ainda assim, segundo o clube, a Globo pagou valores utilizando um modelo não aprovado, o que, na visão da diretoria rubro-negra, configura irregularidade.
“É falso que o Flamengo esteja buscando uma virada de mesa. O clube respeita os contratos. Basta consultar as atas de reuniões para comprovar”, escreveu o Rubro-Negro. A nota também rebateu a versão de que o clube desejaria reaver R$ 100 milhões ou alterar percentuais já pactuados. Segundo a diretoria, o estatuto da Libra sequer detalha a forma de rateio da fatia de audiência, justamente o ponto em disputa.
O documento ainda afirma que, em agosto, após nova assembleia, o Flamengo procurou três clubes para negociar uma alternativa provisória até 2025, mas encontrou resistência. “Nenhum clube aceitou discutir nada, mantendo postura irredutível”, diz a nota. O clube também sustenta que sempre esteve aberto ao diálogo e que “não houve qualquer contraproposta” desde fevereiro de 2025.
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Outro argumento do Flamengo é que o estatuto garante uma cláusula de transição para o período entre 2025 e 2029, assegurando a cada integrante um valor mínimo equivalente ao recebido em 2023, corrigido pela inflação. Na prática, se a regra tivesse sido respeitada, o Rubro-Negro teria direito a R$ 321.181.432 apenas neste ano. Para a diretoria, além de descumprir a exigência de unanimidade, a Libra ainda violou esse dispositivo ao distribuir recursos sem respaldo legal.
A nota publicada pelo clube é uma resposta direta às narrativas disseminadas por dirigentes e parte da mídia esportiva, que vinham acusando o Flamengo de tentar impor sua vontade aos demais. A estratégia de comunicação do “Fato ou Fake” é vista como uma forma de ocupar espaço público e contrapor informações que, segundo o clube, distorcem os acontecimentos.
Nos bastidores, o episódio também expõe as disputas políticas dentro do futebol brasileiro. O presidente Rodolfo Landim, que articulou a entrada do Flamengo na Libra em 2022, é apontado por aliados como um dos dirigentes que mais trabalhou pela união dos clubes. Já Leila Pereira, mandatária do Palmeiras, atuou de forma a fragmentar o grupo, aproximando-se da CBF em paralelo às discussões da liga.
A pressão sobre o Flamengo se intensificou após comentaristas como Fábio Sormani acusarem o clube de “golpismo” e usarem termos ofensivos em programas esportivos. A reação rubro-negra, portanto, surge também como tentativa de conter danos à imagem e mostrar consistência jurídica no embate.
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CASO PREFIRA OUVIR:
Flamengo divulgou um “Fatos e Fakes” sobre a questão da Libra:
“Para tentar esclarecer de forma direta a questão envolvendo Libra e Flamengo seguem abaixo Fatos e Fakes a respeito do assunto.
Em resumo:
O Flamengo entrou na Libra porque quis e porque acredita numa liga. O… pic.twitter.com/I3baw0Bhcm
— Tulio Rodrigues (@PoetaTulio) October 1, 2025
Para além do caso específico, o impasse reacende o debate sobre governança, transparência e divisão de receitas no futebol nacional. Com membros da Libra travando batalhas de narrativa e bastidores, a indefinição sobre o futuro da liga brasileira permanece. O Flamengo, por sua vez, sinaliza que continuará na disputa até que o estatuto seja respeitado e as condições acordadas cumpridas.
Linha do tempo da disputa Flamengo x Libra
Setembro de 2024
– O então presidente Rodolfo Landim assina o estatuto da Libra.
– Fica definido o modelo 40% (igualitário), 30% (desempenho) e 30% (audiência), mas sem detalhamento sobre como calcular a fatia de audiência.
Janeiro de 2025
– Luiz Eduardo Baptista, o Bap, assume a presidência do Flamengo.
– Inicia revisão dos contratos da Libra e identifica ausência de critérios claros no rateio da audiência.
Fevereiro – Abril de 2025
– Primeiras conversas entre Flamengo e Libra para buscar consenso.
– Fla defende uso de cadastro do pay-per-view como parâmetro para o cálculo, o que elevaria sua receita.
– Negociações se arrastam sem avanços.
Maio de 2025
– Primeira assembleia da Libra para discutir a fatia de audiência.
– Flamengo apresenta proposta que poderia elevar sua cota.
– Proposta fica em aberto sem deliberação.
Agosto de 2025
– Nova assembleia realizada.
– Aprovado o “cenário 1”, que consolida a divisão atual, com votos contrários de Flamengo e Volta Redonda.
– Fla sustenta que a reunião foi irregular, pois a definição deveria ser por unanimidade já que o estatuto não previa critérios claros.
– Libra alega já ter documento com assinatura de Rodolfo Landim concordando com o rateio proposto.
– Flamengo pede documento comprobatório. Libra não responde.
Setembro de 2025
– Flamengo notifica extrajudicialmente Libra e Globo.
– Flamengo ingressa com ação no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e pede a suspensão dos efeitos da assembleia de agosto e o bloqueio de valores a serem repassados pela Globo.
– Desembargadora concede liminar favorável, bloqueando cerca de R$ 77 milhões em repasses.
– Libra anuncia que vai recorrer da liminar.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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