Flamengo analisa calendário, elogia avanços da CBF e amplia debate sobre arbitragem, gramados e fair play financeiro
O Flamengo levou para o centro do debate nacional, na apresentação institucional realizada nesta terça (23), um conjunto de temas que costuma aparecer de forma fragmentada no futebol brasileiro, mas que, segundo o clube, precisam ser tratados de maneira integrada. Ao abordar liga, CBF, calendário, arbitragem, fair play financeiro e gramados, a diretoria rubro-negra expôs críticas antigas, reconheceu avanços recentes e reforçou a ideia de que planejamento e previsibilidade são condições mínimas para a evolução do esporte no país.
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A fala partiu de uma constatação simples: quando a CBF abriu espaço para sugestões estruturantes, poucos clubes se manifestaram de forma técnica e formal. O Flamengo, ao contrário, enviou documentos, alertas e propostas. Um dos episódios citados foi a alteração no calendário do Campeonato Brasileiro. Em fevereiro de 2025, ainda sob a gestão anterior da confederação, o clube encaminhou um parecer apontando risco claro de conflito caso uma equipe brasileira chegasse às finais da Libertadores e do Intercontinental, com o Brasileiro se encerrando em 21 de dezembro. O alerta foi ignorado.
Meses depois, com o planejamento esportivo e logístico já em curso, a CBF promoveu mudanças no meio da temporada. O Flamengo reagiu publicamente, não por discordar da correção em si, mas pelo momento em que ela ocorreu. A alteração acabou criando um desequilíbrio competitivo evidente: enquanto Flamengo e Palmeiras encaravam uma sequência de 16 partidas com intervalos médios de três dias e meio, clubes eliminados de torneios continentais jogavam uma vez por semana. O Cruzeiro, à época, aparecia como principal beneficiado, ainda que, mais adiante, a Copa do Brasil tenha mudado esse cenário.
Apesar da crítica, o discurso não foi de confronto permanente. O clube reconheceu que a atual gestão da CBF tomou decisões consideradas corajosas, como a redução do número de jogos dos estaduais e ajustes na Copa do Brasil. A avaliação interna é de que o calendário de 2026 tende a ser mais racional, algo defendido pelo Flamengo há anos.
Outro ponto destacado foi a arbitragem. Nos últimos meses, a confederação passou a escalar árbitros de forma mais contínua, especialmente nos fins de semana, em busca de uniformização de critérios. A diretoria rubro-negra foi direta ao tratar do tema: profissionalizar não é apenas registrar o árbitro em carteira ou aumentar salários, mas garantir que um juiz do Acre apite com o mesmo padrão daquele que atua em São Paulo ou no Sul do país. Segundo o clube, relatórios internos de scout de arbitragem já indicam melhora perceptível, com expectativa de evolução ainda maior a partir de 2026.
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O debate avançou para o fair play financeiro. O Flamengo voltou a defender limites mais claros, citando clubes que comprometem mais de 100% da arrecadação com folha salarial. Para a diretoria, esse modelo é estruturalmente injusto com quem cumpre obrigações fiscais e trabalhistas. Em tom didático, foi lembrado que a renúncia a impostos permitiria ao clube contratar vários jogadores de alto nível por temporada, mas isso significaria abandonar o modelo de gestão que o próprio Flamengo defende.
Na sequência, os gramados entraram em pauta. O clube reconheceu a própria responsabilidade antes de criticar terceiros. Por isso, contratou uma consultoria internacional indicada pela FIFA para avaliar o Maracanã. O resultado foi usado como argumento: mesmo com quase 80 jogos no ano, o campo foi apontado, ao lado da Neo Química Arena, como um dos dois únicos do país prontos para receber partidas do Mundial feminino de 2027. Ainda assim, a nota atual, em torno de 3,5, está longe do objetivo final. A meta é alcançar nível 4 até o fim de 2026 e nível 5 em 2027, padrão máximo exigido pela entidade internacional. O mesmo plano será aplicado ao centro de treinamento.
A crítica à cobertura midiática também apareceu. Segundo a diretoria, quando o gramado do Maracanã resistiu a uma sequência pesada de jogos, o desempenho passou despercebido. Em outras épocas, falhas semelhantes viraram manchete. A resposta, afirmou o clube, não será apenas discursiva, mas prática: dar exemplo e apresentar propostas técnicas à CBF, como já vem fazendo.
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O panorama institucional incluiu ainda a atuação em Brasília. Em 2025, o Flamengo teve postura reativa diante de projetos que impactavam diretamente o esporte. Para 2026, a promessa é de atuação proativa, especialmente em temas tributários e na defesa dos clubes associativos. Um embate recente no Congresso ilustrou esse ponto. Uma proposta previa tributação de 11% para clubes sociais e 8,4% para SAFs. O Flamengo se posicionou contra a penalização maior aos clubes tradicionais, e não a favor de taxar mais as SAFs, como chegou a ser divulgado. Ao final das negociações, fixou-se uma alíquota única de 5% para ambos os modelos.
A mensagem final foi clara: não existe fórmula mágica nem atalho estrutural. SAF ou clube social, o que define sucesso é gestão, planejamento e excelência nos negócios. Para o Flamengo, esse é o eixo que deve orientar o futuro do futebol brasileiro.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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