Flamengo joga mal, mas sai da Argentina no lucro

Germano Medeiros

Perguntado se escalaria o Flamengo apenas para empatar e não correr riscos, Joel respondeu ao repórter: “O Flamengo nunca entra para empatar, sempre entra para ganhar. Como diz o próprio hino do clube: ‘Vencer, vencer, vencer.'”

Com esse espírito, Joel e o time rubro-negro entraram no estádio La Fortaleza com a missão de suportar a pressão argentina e trazer de lá os nossos primeiros e importantíssimos três pontos.

Pra começar, não esperem três dúzias de xingamentos aqui, porque isso não acontecerá. Joel escalou um quarteto de volantes: Maldonado e Aírton (volantes de verdade) e Renato e Willians (quem?) na armação. Na minha humilde opinião, quem deveria ter iniciado o jogo na ‘Fortaleza’ era nosso ‘El Polo’, Darío Bottinelli, no lugar de Willians. Porque, convenhamos, desde quando Willians sabe atuar como meia? Nem como volante ele faz o trabalho direito há quase três anos, imagine como meia.

Enfim, Ronaldinho era um dos poucos que entraram em campo assumindo a responsabilidade. Ele fez questão de cumprimentar um a um seus companheiros, batendo no peito de cada um, apertando as mãos e falando, como quem dizia: “Vamos honrar esse manto e os mais de 40 milhões de rubro-negros que, lá do Brasil, estão nos assistindo.”

Se todos tivessem entrado em campo com o mesmo espírito com que falaram, a história teria sido outra. O Flamengo começou o jogo assustado, não no ataque, mas na defesa. O time não conseguia trocar passes simples, e o meio de campo estava completamente congestionado. Ronaldinho praticamente não jogou. De vez em quando, voltava para buscar o jogo no meio, mas com Joel o colocando no ataque ao lado de Deivid, este sempre acabava sozinho na frente, rodando de um lado para o outro, perdido.

Essa falta de organização e estrutura no time só poderia acabar mal. Em cobrança de escanteio, que virou cruzamento pela esquerda da defesa rubro-negra, Renato e Deivid falharam, e quase viram Balbi abrir o marcador, tirando um “Uuhh” da torcida do Lanús.

Ronaldinho seguia sem aparecer, com participação praticamente nula, apesar de ter sido convocado por Mano Menezes para a Seleção. Renato teve uma boa chance numa cobrança de falta, quase do meio-campo, mas mandou por cima. Deivid também tentou incomodar o goleiro do Lanús com um chute de longe, mas sem perigo.

Aos 20 minutos, Welinton, atrapalhado, quase cometeu pênalti em Pavone. O árbitro marcou tiro livre indireto. Na cobrança ensaiada, Neira, sem marcação, acertou o travessão de Felipe.

No final do primeiro tempo, enquanto o Flamengo abusava dos erros de passe, o Lanús era mais incisivo. Mas foi o Flamengo que aproveitou o pouco que conseguiu, e o Lanús pagou pelo erro. Em uma boa jogada trabalhada pelo time rubro-negro, a bola chegou a Ronaldinho no meio. Sem opções, ele tocou para Renato, que viu Júnior César passar. O lateral cruzou para a área, e a bola caiu nos pés de Léo Moura, que com tranquilidade, mandou para o fundo das redes. 1 a 0 Flamengo. (Quase rasguei minha garganta de tanto gritar!)

Antes de saírem de campo, rumo ao vestiário, Ronaldinho e Felipe foram até o árbitro reclamar de um isqueiro que foi jogado em Felipe. Nada foi feito pelo árbitro, que pediu para “deixar por isso mesmo.”

Fim da primeira etapa.

As equipes voltaram sem mudanças no estilo de jogo. O Lanús continuava pressionando, por estar atrás no placar, e o Flamengo se defendia como podia, na retranca.

A partir dos 20 minutos, o Flamengo passou a ter mais posse de bola, mas errava soberanamente nos passes. Um exemplo disso foi quando Ronaldinho, ao tentar uma inversão mal-feita, armou um contra-ataque para os argentinos. Aos 27, saiu Aírton e entrou Bottinelli, numa tentativa de dar mais ânimo ao time, que estava muito cauteloso.

Do lado do Lanús, o técnico fez uma mudança que deu resultado imediato. Aos 29 minutos, em uma jogada duvidosa, Deivid perdeu a bola no meio de campo e, na raça, os argentinos recuperaram a posse. Pavone entrou na área, deu um leve toque para trás e deixou Carranza na cara do gol, que não desperdiçou e empatou a partida. 1 a 1.

Com um volante a menos e um meia a mais, o Flamengo melhorou no fim do jogo. Bottinelli teve duas chances claríssimas de gol, que poderiam ter dado a vitória ao rubro-negro. Mas no final, ficamos com o empate. Para um esquema tão defensivo, até que não levamos uma goleada.

A Libertadores começou pra valer, e eu realmente espero que essa história de escalar 482 volantes seja deixada de lado por Joel, especialmente com Vagner Love entrando no time. Com Marcos González na zaga, ele pode ficar relativamente tranquilo no quesito defensivo. Espero que o “melhor zagueiro das Américas” faça jus ao título e feche a defesa rubro-negra.

Quanto a Vagner Love, é só questão de tempo. Ele já estreou bem, mas não jogou contra o Lanús porque, na última participação do Flamengo na Libertadores, em 2010, nas quartas de final contra a Universidad de Chile, Vagner foi expulso ao reclamar com o árbitro depois do jogo. Por isso, cumpriu suspensão ontem e só estreia na Libertadores no dia 8 de março, contra o Emelec, no Rio de Janeiro. Pelo menos será “em casa” e com o “apoio da Nação.”

Como falei no início do post, não vou criticar o Joel agora. Ele está começando o trabalho e ainda tem peças importantes para entrar no time. Só espero que ele tenha sorte nas escolhas.

E para vocês, Nação, não se iludam com o confronto contra o Resende, no sábado de carnaval, valendo vaga nas semifinais da Taça Guanabara. Encarem esse jogo como um teste para nosso segundo compromisso, já citado mais acima.

Foco, força, fé, raça, entrega e luta… Vamos nos unir e vencer essa Copa Santander Libertadores. Não quero comemorar 31 anos da conquista do Mundial e da Libertadores, mas sim o bi da Libertadores no meio do ano e o bi do Mundial no fim do ano.

SRN

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