Flamengo – Um século de futebol
Para falar dos 100 anos de futebol do Flamengo, é importante destacar algumas curiosidades que merecem ser esclarecidas. Primeiramente, é fundamental lembrar que o Flamengo não nasceu do Fluminense. O Flamengo foi fundado em 1895 e o Fluminense, em 1902. Outra curiosidade refere-se ao real placar da primeira partida oficial da história do Flamengo. Até pouco tempo, afirmava-se que o resultado era 16 a 2 para o Flamengo em uma partida realizada contra o Mangueira no dia 3 de maio de 1912, no campo do América, pelo Campeonato Carioca. O placar correto foi de 15 a 2 para o Flamengo.
O Departamento de Futebol foi oficialmente instituído no Flamengo no dia 24 de dezembro de 1911, após Alberto Borgerth, remador do Flamengo e jogador de futebol do Fluminense, se desentender com a comissão técnica e a diretoria tricolor. Junto com Alberto Borgerth, vieram jogadores dos primeiros, segundos e terceiros times do Fluminense. Na época, o Flamengo não tinha campo, e os jogadores treinavam na Praia do Russel. A caminhada da sede até a praia era feita a pé e no meio do povo, o que contribuía para a popularização do Flamengo na cidade.
O uniforme de futebol do Flamengo era diferente do usado pelos remadores. A camisa era dividida em quatro quadrados, preto e vermelho, apelidada de “Papagaio de Vintém”. Essa camisa foi utilizada até 1913. Por superstição, o uniforme foi trocado, pois os remadores não queriam que os jogadores de futebol usassem uma camisa igual à deles. Assim, foi inserida uma listra branca entre as faixas pretas e vermelhas, e a camisa logo ganhou o apelido de “Cobra Coral”. Com essa camisa, o Flamengo conquistou o primeiro título de sua história, o Campeonato Carioca de 1914, e também o bicampeonato em 1915. Com a Primeira Guerra em curso, não era bem visto ter um uniforme com as mesmas cores da bandeira da Alemanha, e a camisa acabou sendo abolida. Em 4 de junho de 1916, o Flamengo entrou em campo pela primeira vez com o modelo que é usado até hoje, vencendo este jogo por 3 a 1 contra a Associação Atlética São Bento, de São Paulo.
O Flamengo coleciona uma fila de pioneirismos ao longo da história. Por exemplo, a torcida do Flamengo foi a primeira a usar o uniforme fora dos jogos, em locais como trabalho e festas. Também é o primeiro time brasileiro a ter uma torcida organizada, a Charanga Rubro-Negra, criada por Jaime de Carvalho em 11 de outubro de 1942. O nome da torcida foi dado por Ary Barroso. O Flamengo foi o primeiro clube brasileiro a conquistar a Taça Libertadores, após o Santos de Pelé. Além disso, foi o primeiro clube brasileiro a ter um patrocínio na camisa. Outro pioneirismo associado à torcida é o hábito de assistir aos jogos nos estádios em pé, hábito criado pela torcida organizada Raça Rubro-Negra. O Flamengo é ainda o primeiro e único clube a ceder um jogador estrangeiro para a Seleção Brasileira, o inglês Sidney Pullen.
Nesses cem anos de futebol, o Flamengo coleciona diversas hegemonias. Uma das que mais orgulha todo torcedor é o fato de sermos a maior torcida do Brasil e, quem sabe, do mundo. Ela é a primeira entre ricos, pobres, favelados, descalços, playboys, assalariados, pretos, brancos, amarelos… É o único carioca Campeão Mundial, título conquistado em 1981. O Flamengo é também o único a conquistar um tricampeonato estadual cinco vezes (1942, 1943 e 1944; 1953, 1954 e 1955 – o primeiro na era Maracanã; 1978, 1979 e 1979 – especial; 1999, 2000 e 2001; e 2007, 2008 e 2009). O Flamengo sustenta ainda a superioridade nos confrontos diretos contra os três maiores rivais regionais (Botafogo, Fluminense e Vasco). É o clube com o maior número de campeonatos regionais, com 32 títulos. É o primeiro pentacampeão brasileiro e, junto com o São Paulo, ostenta a hegemonia nacional de títulos brasileiros, com seis cada. O Flamengo também tem o maior artilheiro do Maracanã, Zico, com 333 gols marcados no maior estádio do mundo.
O Flamengo conta com uma infinidade de ídolos, não apenas do clube, mas do futebol nacional. Em nossa galeria, temos Domingos da Guia, considerado o maior zagueiro do futebol brasileiro e, por que não, mundial; Leônidas da Silva, o inventor da “bicicleta” e detentor da melhor média de gols entre os goleadores do Flamengo, com nada menos que 153 gols em 149 jogos; e Zizinho, que, para muitos da época, foi melhor que Pelé e é ídolo do Rei do futebol. Também estão Zico, o maior ídolo de todos os tempos do Flamengo, Valido, Zagallo, Evaristo, Dida, Joel, Júnior, Henrique, Adílio, Nunes… E ainda Leandro, o maior lateral-direito da história do Flamengo e do futebol brasileiro. Também temos Andrade, Renato Gaúcho, Romário, além de nomes mais recentes como Petkovic e Adriano. Claro que faltam muitos outros, mas se eu for citar todos, o texto não terá fim. Visitem nossa página de ídolos.
O Flamengo também coleciona uma infinidade de jogos históricos. O primeiro, já mencionado, foi a goleada sobre o Mangueira no primeiro jogo oficial da sua história. Outro jogo marcante foi o empate contra o São Cristóvão em 4 a 4 em 1914, que nos garantiu o primeiro título da nossa história, o Campeonato Carioca. Um dos jogos inesquecíveis foi contra o Vasco em 1944 pelo Campeonato Carioca, quando o gol de Valido aos 41 minutos do segundo tempo deu ao Flamengo o primeiro tricampeonato carioca de sua história. Há também o épico 0 a 0 contra o Fluminense em 1963, no Maracanã, que teve o maior público do Brasil, com 177.020 pessoas pagando ingresso e 194.603 presentes no Maracanã. Esses são apenas alguns de muitos grandes jogos da história do Flamengo.
Na história do futebol do Flamengo, há também treinadores que fizeram história, não apenas no clube, mas na Seleção Brasileira. Alguns deles são Flávio Costa, Fleitas Solich, Joubert, o técnico que efetivou Zico como titular, Cláudio Coutinho, responsável por montar a base da geração de ouro do Flamengo na década de 1980, além de Carlinhos, Carpegiani e Zagallo.
Aqui, apresentamos apenas um resumo desses importantes cem anos de futebol do Flamengo. Uma história impregnada de superação, raça, amor, doação, paixão… Uma história que não é marcante apenas por vitórias, mas por uma mística que não abandona o Flamengo nem nos momentos difíceis. É um amor infinito que impulsiona o Flamengo, onde quer que ele esteja, uma paixão que começa nas arquibancadas e nunca tem fim! Como diz o segundo hino composto por Lamartine Babo em 1945: “EU TERIA UM DESGOSTO PROFUNDO SE FALTASSE O FLAMENGO”.
Tulio Rodrigues.
Fontes de pesquisa: Livro “O time do meu coração”, de Carlos Eduardo Mansur e Luciano Cordeiro Monteiro e site oficial do Flamengo
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