Flamengo, vamos conversar?

Fala, Flamengo, tudo bem? Podemos conversar um pouco? Poxa, valeu mesmo! Como não temos mais tempo a perder, vou direto ao ponto. Não vou começar falando do quanto eu te amo, da sua importância ou do que significa para mim ser Flamengo. Falar dos meus sentimentos por você é desnecessário! Afinal, quantas vezes já me declarei, não é? Você sabe que nunca te abandonei, nem nos momentos mais difíceis, seja dentro ou fora do Rio de Janeiro. E fiz isso mais de uma vez, mesmo sabendo que alguns jogadores que te representavam em campo não mereciam vestir o nosso Manto Sagrado. Assim como eu, milhares de outros rubro-negros já fizeram o mesmo!
Hoje, você se encontra numa situação caótica. Não é fácil aceitar que, mais uma vez neste ano, vencendo uma partida em casa, você deixa o adversário empatar. Também é difícil entender como, com toda a sua grandeza e história de sempre jogar para ganhar, seu atual comandante te transforma em um time covarde, que entra em campo apenas para não perder, e nunca com a ambição de vencer!
Não estou aqui propondo uma separação, porque é impossível me separar de quem eu amo, de quem é parte de mim, de quem faz parte de quem eu sou. Só quero discutir nossa relação. Por mais que eu faça de tudo para manter vivo o nosso amor, você, ou melhor, quem te comanda, parece fazer tudo ao contrário. Estamos em crise, nossa relação está desgastada, estamos machucados, e tudo se resume à incompreensão. Talvez você ache que estou exagerando, mas eu te garanto que milhões de outras pessoas sentem o mesmo.
Essa não é a primeira vez que passamos por isso. Já houve crises que duraram dias, meses, até anos, mas você sempre soube me surpreender e dar a volta por cima. Confesso que sinto saudades dos tempos em que me fazia sentir orgulho de estar ao seu lado, dos tempos em que nossa relação era intensa, cheia de paixão, e não essa frieza que vejo hoje. Lembra do “Soneto de Separação” do Vinicius de Moraes? Aqueles versos resumem bem o que somos agora: “De repente, não mais que de repente / fez-se de triste o que se fez amante / e de sozinho o que se fez contente…”
Seu comandante, ao que parece, está perdido. Eu sou testemunha da sua mística, da sua força que renasce das cinzas, e das coisas que só você pode fazer para mudar esse quadro. Primeiro, volte a ser você mesmo, o meu amado Flamengo: aquele Flamengo cheio de brio, força, raça, beleza e orgulho. Aquele Flamengo que encanta só por ser Flamengo, que se deixa amar, que se deixa abraçar. Se for preciso trocar algumas peças, que troque, não importa o preço, porque ninguém tem mais valor do que você!
Espero que nossa conversa tenha servido para algo! Quero voltar a recitar aqueles versos que você tanto gosta, que resumem bem nossa relação nos momentos de amor intenso, aqueles momentos lindos em que você nem precisa sorrir para que eu, nos versos do “Soneto do Amor Total” do Vinicius de Moraes, declare ao mundo os melhores dias do nosso amor: “E de te amar assim, muito e amiúde / é que um dia em teu corpo de repente / hei de morrer de amar mais do que pude.” E ponto final!
SRN!
—
Twitter: @poetatulio
Siga-nos no Twitter: @blogserflamengo
Descubra mais sobre Ser Flamengo
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.