Indignação seletiva? Jornalista expõe diferença na repercussão dos casos Bruno Henrique e Vitor Roque
O debate sobre punições no futebol ganhou novo fôlego quando o comentarista Rodrigo Mattos analisou as decisões recentes envolvendo Bruno Henrique, do Flamengo, e Vitor Roque, do Palmeiras. A discussão tomou corpo porque os dois casos foram analisados na mesma semana pelo STJD, cada um com desfecho distinto, revelando uma assimetria de reações tanto na mídia quanto entre torcedores. O tema se impôs pelas consequências esportivas e, sobretudo, pela forma como jornalistas encararam episódios com natureza disciplinar diferente, mas relevância semelhante.
Ouça nossas análises e entrevistas sobre a eleição do Flamengo no seu agregador de podcast preferido: Spotify, Deezer, Amazon, iTunes, Youtube Music, Castbox e Anchor.
Mattos expôs ponto a ponto a cronologia envolvendo o atacante rubro-negro. Segundo ele, os autos do inquérito mostraram que Bruno Henrique informou ao irmão que receberia um cartão amarelo, ação enquadrada como uso de informação sensível no regulamento geral da CBF. O comentarista recordou que, embora o CBJD tenha artigos que tratam de manipulação direta de resultado, com penas que podem chegar a dois anos, a norma específica sobre vazamento de informação prevê somente multa. Foi essa brecha que abriu o caminho para uma punição mais branda. Dois auditores, no entanto, entenderam que cabia uma interpretação mais rigorosa e votaram por 270 dias de suspensão, que, na visão do jornalista, refletiriam melhor o impacto do erro.
O contexto também inclui críticas levantadas dias antes por Paulo Vinicius Coelho, que cobrou publicamente uma postura mais dura diante do caso envolvendo o flamenguista. O tom inflamado chamou atenção porque o comentarista adotou postura bem diferente quando tratou do processo envolvendo Vitor Roque, denunciado por uma postagem homofóbica que, ao final, foi resolvido por meio de transação disciplinar. A multa de R$ 80 mil encerrou o caso sem que o atacante fosse a julgamento.
Rodrigo Mattos destacou que a disparidade de comportamentos chamou mais atenção do que os casos em si. “Se a pena do Bruno Henrique foi branda, o silêncio sobre o Vitor Roque foi ainda mais expressivo”, afirmou no vídeo. Ele lembrou que há punições anteriores por publicações em redes sociais, como o caso de Dudu, punido após atacar a então presidente do Palmeiras. Para Mattos, os dois episódios da semana reforçam que a homofobia segue subvalorizada no ambiente esportivo.
A repercussão foi imediata entre torcedores de vários clubes. Embora cada caso tenha tratado de infrações distintas, a diferença na narrativa deixou evidente uma seleção de alvos conforme o contexto. O vídeo de Mattos também foi usado como contraponto às reações de PVC, que, em outros episódios envolvendo Flamengo e Palmeiras, já havia sido criticado por adotar tons distintos conforme o protagonista.
Nos últimos anos, o jornalista paulista tem insistido na defesa de maior rigor disciplinar, mas momentos marcantes de sua participação em programas ao vivo acabaram alimentando críticas de parcialidade. Em debates sobre arbitragem e disciplina envolvendo os dois clubes, ele foi apontado como mais duro quando o Flamengo estava no centro do episódio, algo que voltou a ser mencionado por torcedores.
A divergência de abordagens reacendeu a discussão sobre a necessidade de maior uniformidade na análise de casos disciplinares. A pressão também ocorre porque a lista de episódios recentes é extensa: discussões sobre manipulação de apostas, debates sobre limites de conduta em redes sociais e novas diretrizes para combater homofobia e racismo em estádios. O nível de exigência diante do julgamento público cresce à medida que a repercussão envolve não apenas torcidas, mas também patrocinadores, dirigentes e federações.
VEJA MAIS:
CASO PREFIRA OUVIR:
Ao final do vídeo, o jornalista reafirmou que as duas penalidades poderiam ter sido mais duras. Contudo, observou que a diferença de intensidade nos comentários sobre cada caso evidencia uma distorção. “O problema não está só na legislação ou no tribunal, mas na forma como reagimos conforme o clube envolvido”, concluiu.
A discussão segue viva porque coloca em xeque não apenas os critérios do STJD, mas também a maneira como jornalistas e torcedores tratam episódios disciplinares conforme suas paixões. A seletividade, antes vista apenas nas arquibancadas, agora ganhou espaço em transmissões, mesas de análise e redes sociais. E, como lembrou Rodrigo Mattos, isso também ajuda a moldar a percepção pública sobre justiça no futebol brasileiro.
A incoerência de PVC e Lavieri: quando jornalistas fazem o papel de torcedor
Veja outros vídeos sobre as notícias do Flamengo:
—
Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
+ Siga o Blog Ser Flamengo no Twitter, no Instagram, no Facebook e no Youtube.
Descubra mais sobre Ser Flamengo
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.