O livro “Longe do Ninho“, de Daniela Arbex, venceu o Prêmio Jabuti 2025, o mais importante da literatura brasileira, na categoria Biografia e Reportagem. A obra, publicada pela Intrínseca, reconstrói com sensibilidade e rigor jornalístico as trajetórias dos dez jovens mortos no incêndio do Ninho do Urubu, em 2019, e de suas famílias que, desde então, lutam por justiça e memória.
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Arbex, autora de títulos marcantes como “Holocausto Brasileiro” e “Todo dia a mesma noite“, mergulha novamente na dor coletiva para contar uma história de humanidade e descaso. No palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, ao receber o prêmio, a vitória do livro ressoou além da literatura: tornou-se também um ato de resistência. Como escreveu a editora Intrínseca, Longe do Ninho “humaniza a tragédia sem transformá-la em espetáculo”.
O reconhecimento chega em um momento emblemático. Poucos dias antes, o Ministério Público do Rio de Janeiro havia recorrido da decisão judicial que absolveu os sete réus acusados no processo criminal sobre o incêndio. A promotora Ana Cristina, responsável pelo caso, classificou a sentença como “injusta e incompatível com as provas reunidas”. O recurso, protocolado na 36ª Vara Criminal da Capital, pede nova análise do conjunto probatório e a revisão da decisão que, em primeira instância, entendeu não haver responsabilidade penal pelos fatos.
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O juiz baseou sua decisão na hipótese de que o incêndio teria sido causado por um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado, sem relação direta com negligência ou omissão dos acusados. O MP, no entanto, sustenta que os contêineres adaptados como dormitórios apresentavam irregularidades evidentes, incompatíveis com o uso habitacional e sem condições de segurança mínima.
O episódio ocorrido em 8 de fevereiro de 2019 matou dez adolescentes entre 14 e 16 anos e marcou de forma indelével a história do Flamengo e do futebol brasileiro. Além do processo criminal, as famílias travam batalhas judiciais e simbólicas por reparação.
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A vitória de “Longe do Ninho” no Jabuti reacende o debate sobre memória e justiça. Para muitos, o prêmio representa um reconhecimento à dor e à resistência dos que se recusam a deixar o caso cair no esquecimento. Mais do que uma conquista literária, é um lembrete de que a palavra pode preservar o que o tempo e as sentenças tentam apagar.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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