Mídia espalha desinformação sobre Flamengo x Libra, blinda entidade e Sormani xinga Flamengo e Bap
Em meio a disputas jurídicas e acusações públicas, o Flamengo trava uma batalha contra a Libra e provoca reações de diversos clubes da Série A. O caso ganhou força após decisão judicial que bloqueou parte dos repasses da Globo ao bloco, gerando insatisfação entre as equipes e alimentando discursos de boicote ao Rubro-Negro. A tensão se arrasta desde o início de 2025 e levanta dúvidas sobre a viabilidade do modelo de ligas no futebol brasileiro, que tenta se consolidar há mais de dois anos.
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A crise começou quando o Flamengo questionou os critérios de divisão das receitas dentro da Libra, alegando falta de clareza no estatuto. Em assembleia realizada em 2025, os clubes aprovaram mudanças sem a unanimidade exigida, já que Flamengo e Volta Redonda votaram contra. O Rubro-Negro notificou extrajudicialmente a Globo e a entidade e, sem resposta, levou o caso à Justiça. A decisão resultou no bloqueio de valores destinados a outras equipes, o que aumentou o desgaste político.
Na prática, a ação jurídica irritou até clubes que não foram diretamente prejudicados. Palmeiras, Atlético-MG, São Paulo e Santos se manifestaram publicamente contra a postura do Flamengo. Segundo o colunista Danilo Lavieri, do UOL, a insatisfação abriu espaço para que clubes da Libra e da Liga Forte União ensaiassem uma aproximação com discurso comum: “Se o Flamengo quer mais do que todos, que jogue sozinho”.
O histórico recente revela como a fragmentação virou rotina no processo de criação da liga. O Atlético-MG, por exemplo, deixou a Libra para fundar a Liga Forte União com clubes menores, mas retornou ao bloco original meses depois. O Corinthians também mudou de lado em busca de melhores condições financeiras. Esse vaivém mostra a fragilidade das alianças, sempre condicionadas a interesses momentâneos.
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Na cobertura da imprensa, o comentarista Maurício Saraiva reconheceu que o Flamengo possui mérito por ter organizado suas finanças e, por isso, tem o direito de reivindicar maior fatia da receita. No entanto, classificou como exagerada a medida judicial que bloqueou recursos dos demais clubes: “Ao impedir a entrada de uma receita já esperada pelos outros, o Flamengo passa a impressão de sufocar quem não vive a mesma condição”.
O jornalista Fábio Sormani foi ainda mais duro em programa na Placar, afirmando que o clube e Luiz Eduardo Baptista, o Bap, agiram de forma “arrogante e prepotente”. Xingando o dirigente e a instituição, sugeriu que o Flamengo jogasse sozinho contra seus próprios times de base, já que se considera autossuficiente. As declarações viralizaram nas redes sociais, mas foram criticadas por não abordar pontos centrais, como a condução da Libra ou a atuação de seu presidente, Silvio Matos.
Defensores do Flamengo argumentam que o clube apenas seguiu o caminho jurídico diante de uma ilegalidade estatutária. Para eles, a falta de transparência e a pressa em impor critérios de divisão revelam fragilidade administrativa da própria liga. O Flamengo participou das discussões, apresentou alternativas, notificou extrajudicialmente e só foi à Justiça quando não restou saída destacou.
Nos bastidores, cogita-se até a hipótese de organizar um campeonato sem o Flamengo, mas juridicamente a ideia é inviável. Como detentor de vaga na Série A, o clube não poderia ser excluído sem decisão da CBF ou da Justiça. O máximo que os demais blocos podem fazer é negociar de forma independente seus direitos comerciais, algo que já vinha sendo discutido.
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O caso escancara um dilema antigo do futebol brasileiro: como conciliar o peso econômico de Flamengo, dono de quase metade da audiência televisiva, com o desejo de equilíbrio entre os demais. Enquanto na Premier League e na NFL a divisão busca garantir certa igualdade, no Brasil a falta de coesão e a troca constante de alianças impedem a consolidação de um modelo estável.
Passados mais de dois anos desde as primeiras tratativas para unificar os clubes em torno de uma liga, o cenário segue incerto. O episódio do bloqueio de receitas não apenas acirrou os ânimos, mas também expôs a fragilidade de lideranças e a ausência de consenso sobre o futuro do Campeonato Brasileiro organizado pelos clubes.
Linha do tempo da disputa Flamengo x Libra
Setembro de 2024
– O então presidente Rodolfo Landim assina o estatuto da Libra.
– Fica definido o modelo 40% (igualitário), 30% (desempenho) e 30% (audiência), mas sem detalhamento sobre como calcular a fatia de audiência.
Janeiro de 2025
– Luiz Eduardo Baptista, o Bap, assume a presidência do Flamengo.
– Inicia revisão dos contratos da Libra e identifica ausência de critérios claros no rateio da audiência.
Fevereiro – Abril de 2025
– Primeiras conversas entre Flamengo e Libra para buscar consenso.
– Fla defende uso de cadastro do pay-per-view como parâmetro para o cálculo, o que elevaria sua receita.
– Negociações se arrastam sem avanços.
Maio de 2025
– Primeira assembleia da Libra para discutir a fatia de audiência.
– Flamengo apresenta proposta que poderia elevar sua cota.
– Proposta fica em aberto sem deliberação.
Agosto de 2025
– Nova assembleia realizada.
– Aprovado o “cenário 1”, que consolida a divisão atual, com votos contrários de Flamengo e Volta Redonda.
– Fla sustenta que a reunião foi irregular, pois a definição deveria ser por unanimidade já que o estatuto não previa critérios claros.
– Libra alega já ter documento com assinatura de Rodolfo Landim concordando com o rateio proposto.
– Flamengo pede documento comprobatório. Libra não responde.
Setembro de 2025
– Flamengo notifica extrajudicialmente Libra e Globo.
– Flamengo ingressa com ação no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e pede a suspensão dos efeitos da assembleia de agosto e o bloqueio de valores a serem repassados pela Globo.
– Desembargadora concede liminar favorável, bloqueando cerca de R$ 77 milhões em repasses.
– Libra anuncia que vai recorrer da liminar.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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