O Flamengo perdeu para o Vasco(sim, perdeu) por 1 a 1 num velho problema que persegue o time há anos: a bola parada. Porém, agora carrega consigo, requintes de crueldade pela repetição a que vem ocorrendo. O gol de Rafael Silva na noite de ontem pareceu premeditado, ou até mesmo óbvio. Pela transmissão da tevê, no exato momento que o árbitro arrumava a área para autorizar a cobrança da falta, ouviam-se gritos desesperados de uma mulher perto da cabine de transmissão. Ela gritava em altíssimo tom, querendo avisar algo sobre a marcação a Paulo Victor. Os gritos repetitivos silenciaram e, como num filme de terror, o vilão teve seu momento de prazer: era o empate do Vasco. Não dá pra dizer que foi em péssima hora, pois em nenhum momento uma equipe vai achar conveniente sofrer um gol. Mas… infelizmente o Flamengo sentiu o golpe.
Golpe que vai muito além de uma falta cometida pelo Pará ou da quantidade absurda de vezes que os jogadores rubro-negros sofriam faltas e a arbitragem relevava.
Aqui não é momento de crucificar, como também infelizmente não vai ser de apoiar. O Flamengo que perdeu ontem para o Vasco por 1 a 1, carrega o mesmo fardo do Flamengo derrotado para o Atlético-MG, em 2014, no Mineirão de virada por 4 a 1. O paupérrimo planejamento de futebol que tem o clube. Se nas finanças hoje a gestão do presidente Eduardo Bandeira de Mello beira a perfeição, não podemos dizer o mesmo do setor futebolístico, que foi, é e sempre será o carro-chefe do clube. De onde vem nossas maiores alegrias, nossas maiores esperanças e também nossas maiores tristezas. Mas essas que deviam servir de aprendizado e não um acúmulo de péssimas recordações.
O que há com Rodrigo Caetano? Será que vê tudo isso e aplaude? Porque para vencer na vida, derrubar obstáculos, às vezes você precisa largar a zona de conforto, surpreender e pressionar.
“Eu fui, sou e sempre serei um torcedor de arquibancada, que sofria com o time assim como vocês e que decidiu se candidatar para gerir o Flamengo porque não aguentava mais vê-lo sofrer tanto.” Recordo-me dessas palavras em 2012, proferidas pelo atual presidente durante sua campanha. Se não aguentava sofrer até aquela época, será que agora aguenta? Será que uma eliminação precoce na Copa do Brasil para o maior rival dentre os minúsculos times regionais que o Flamengo confronta, não é uma dor?
Guerrero não tem culpa, assim como Jorge não tem, nem Oswaldo. Mas este último não provocou o adversário e teve que ouvir. Guerrero machucou-se no início do jogo e, segundo alguns portais, chorava no vestiário. Errou por falar o que falou, assim como Jorge também proferiu sua frase antes do primeiro jogo. Assim como Emerson e seus dribles de efeito. São dois excelentes jogadores e um que pode evoluir muito ainda, mas que precisam falar menos e fazer mais, trabalhar mais.
Muricy Ramalho dizia que a bola pune. E ela vem punindo o Flamengo dia após dia. Dentro e fora de campo. O que ocorre fora de campo, ou não ocorre, acontece dentro dele. A omissão de um Rodrigo Caetano, a falta de cobrança de um Bandeira de Mello, a falta de auto-crítica do grupo, os despreparo do departamento de futebol rubro-negro. São N fatores que seguem derrubando o Flamengo dentro das quatro linhas. Uma eliminação no pobre Campeonato Carioca, um Campeonato Brasileiro de incertezas e uma Copa do Brasil jogada no ralo. Esse foi o ano do Flamengo, o 2015. Para quem, assim como eu, é bastante esperançoso e não desiste tão fácil, quem sabe uma hipotética vaga no G4 para uma possível Libertadores no próximo ano?! Mas eu te garanto uma coisa: enquanto não houver sangue nos olhos, raça dentro e fora de campo, vontade de vencer do porteiro da Gávea ao atacante, não tem austeridade financeira no mundo que faça o Flamengo voar alto. Eu não sei pensar pequeno porque o Flamengo me ensinou isso. Não sei desistir tão fácil do que sonho. Mas o que sonho para o Flamengo, hoje, depende muito mais dele do que de mim, de você, de nós.
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