Os pormenores da gestão de Patrícia Amorim

Os pormenores da gestão de Patrícia Amorim

Outro dia, o jornal Lance! publicou uma série de reportagens intituladas “Crise no Fla”. A matéria trouxe abordagens interessantes sobre os bastidores políticos e financeiros do Flamengo, além de outros aspectos do clube. Ao ler cada capítulo, fiquei ainda mais convencido da importância de ser sócio do Flamengo.

Os bastidores políticos da Gávea são uma verdadeira ebulição. O clube está dividido entre situação e várias facções de oposição, cada uma puxando para um lado. Um grupo defende a transformação do futebol em empresa, enquanto outros apoiam a separação da gestão social, esportes olímpicos e futebol. São ideias que podem beneficiar o clube, mas o problema é que os grupos agem de forma independente.

Patrícia Amorim, para se eleger, buscou apoio dos frequentadores do clube e de atletas laureados, ao invés de se aliar aos grupos políticos da Gávea. Outro fator que contribuiu para sua eleição foi a divisão entre os cartolas tradicionais, que começou com a contratação de Petkovic em 2009. O estilo de gestão de Patrícia difere bastante de seus antecessores, uma vez que ela não trata o futebol como prioridade. A ideia de separar as receitas e despesas do social, esportes olímpicos e futebol está longe de ser uma realidade em sua administração.

As decisões relacionadas ao futebol do Flamengo, o departamento mais importante do clube, estão concentradas nas mãos de poucas pessoas: a presidente, seu marido Fernando Sihman (que, mesmo sem cargo oficial, é chamado de “presidente”) e o vice de finanças Michel Levy. Nomes como Marcos Braz, Zico e Luis Augusto Veloso nunca tiveram o poder correspondente aos cargos que ocupavam.

PERFIL DA GESTÃO DE PATRÍCIA AMORIM:

Como boa política (é vereadora no Rio de Janeiro), Patrícia Amorim aparece nos momentos bons ou quando uma crise afeta sua imagem. Ela concentra o poder em poucas mãos, e sua prioridade é atender aos sócios, seus eleitores. Patrícia conquistou grande prestígio entre os sócios que frequentam o clube, principalmente por ter reformado boa parte da sede. Ainda restam reformas no complexo aquático e na construção de um ginásio para o futsal. O projeto do museu, patrocinado pela Olympikus, está atrasado há 15 meses. As finanças do clube são outro ponto delicado, sempre envoltas em incertezas. A atual diretoria afirma que quitou dívidas passadas, mas as contas permanecem obscuras, como exemplificado pelos 31 pedidos de informação negados ao Conselho Fiscal e Deliberativo. No final do ano, jogadores ficaram com salários atrasados, e o atacante Deivid está há mais de um ano sem receber seus direitos de imagem.

ESTRUTURA DE PODER NO FLAMENGO:

O Flamengo tem uma estrutura política engessada, única no país, que foi implementada em 1992 e motiva uma constante disputa interna. O clube possui um Conselho Diretor (diretoria executiva), mas a presidente tem controle total sobre seus diretores. No entanto, ela ainda precisa de algumas aprovações do Conselho Deliberativo, composto por cerca de 1.500 membros, dos quais apenas 300 costumam participar. Esse conselho é formado por sócios-proprietários, membros eleitos e natos. Além disso, há o Conselho de Administração, com 100 membros, que é responsável por julgar eméritos e beneméritos em atos de indisciplina e também por zelar pelo orçamento. O Conselho Fiscal, frequentemente mencionado na mídia devido ao seu presidente, conta com 14 membros e não possui poder de decisão, mas sua influência tem crescido por ser o único que trabalha diariamente. O Flamengo ainda conta com a Assembleia Geral e o Conselho de Grandes Beneméritos, ambos com pouca influência no cotidiano do clube.

O Flamengo praticamente possui três poderes paralelos, sendo que os três primeiros têm o poder e a agilidade para interferir na gestão. Para Marcos Braz, o Flamengo precisa mudar o estatuto. Já Leonardo Ribeiro, presidente do Conselho Fiscal, defende que o estatuto atual é excelente. Nos últimos anos, todas as propostas de reforma estatutária fracassaram.

CATEGORIAS DE SÓCIOS:

Proprietário: Associado tradicional, o “dono” do clube. O título pode ser familiar;
Contribuinte: Permite o uso individual da sede e dá direito a voto;
Patrimonial: Contribuinte graduado, com título que pode ser familiar e usado para adquirir o título de proprietário;
Atleta Laureado: Atletas com dez anos de clube e três títulos oficiais conquistados pelo Flamengo;
Emérito: Concedido após cinco anos de relevantes serviços prestados ao clube;
Benemérito: Concedido após dez anos de serviços voluntários prestados ao clube;
Grande Benemérito: Concedido após vinte anos de serviços voluntários prestados ao clube;
Remido: Concedido após 50 anos como associado do Flamengo.

Acompanhe a série “A política na Gávea”:
1. A situação da sede e dos esportes olímpicos.
2. A saúde financeira do clube.
3. A importância de ser sócio do Flamengo.
4. As eleições para presidente.

Fonte: Lance!

Tulio Rodrigues
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