Para evitar a desonra

Tulio Rodrigues

Quando o capitalismo selvagem que hoje rege o futebol ainda não tinha se tornado uma realidade para mim, de fato imaginava que no momento em que um reles ser humano passava a representar o Manto Sagrado, reprimia no gramado qualquer vestígio de pensamento alheio a Instituição Flamengo. Eu batia o pé e afirmava, que o grupo que me representava, durante pouco mais de 90 minutos subia degraus na escala evolutiva mística que pessoas pouco lúcidas como eu são capazes de imaginar. Pois então. Isso foi no tempo em que eu frequentava o fundamental.

A gente amadurece e percebe que a modorra e a insatisfação tomam de assalto qualquer um, vista a camisa que vestir, e apesar de entendermos outros n fatores capazes de trazer o caos em campo, não conseguimos digerir a falta de comprometimento. Portanto não importa se não há mais metas, se o clima é de pré-temporada, se uma eliminação ridícula encerrou a odisseia do ano. Quando o assunto é paixão torcedor-clube, a honra que desejamos a nossa camisa, consegue superar a que almejamos para nós mesmos.

Assistir o Flamengo entregue dói. É como se nos negassem o direito a  velada arrogância que todo Rubro-Negro exala, mesmo sendo o mais humilde dos homens, que nos afirma como torcedores do melhor time desde sempre para sempre, não importando a situação. É como se sapateassem na memória do que os Seis Jovens Remadores fundaram.

Em São Luís, um senhor idoso espera para ver o seu maior amor, e isso o faz sentir jovem outra vez. Em Manaus, um garoto de 14 anos esperou 18 horas em uma fila, acompanhado de um cobertor e alguns poucos mantimentos. Espera ver jogar o Flamengo que estampa o seu cotidiano, e que o define. Espera ver jogar o time que ama, e como ama. E se em detrimento ao amor dos Off-Rio lá de riba desse nosso Brasil, num jogo tão longe e tão dentro de casa, o Fla demonstrar apatia, os olhos brilhando  vão ser  espelhos refletindo encantamento e frustração.

Vê lá, elenco nosso. Entregaram o ouro do ano e doeu,  mas vai passar. Porém, sinto informar que aqui não é permitido que isso se torne recorrente. Se for pra se entregar  ainda que na ausência de metas, a porta da rua é serventia da casa. Não há espaço aqui para apatia. O nome disso é Flamengo e quem não entende, não se esconde!

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