Por que romper com a Olympikus? Não concordo e você?

Desde a semana passada, venho acompanhando rumores sobre o possível fim da parceria entre Flamengo e Olympikus. Os motivos que poderiam levar ao rompimento com a empresa brasileira não me agradam em vários aspectos. Primeiro, porque os argumentos apresentados para essa decisão não são plausíveis. Segundo, porque a imagem do Flamengo no mercado sairia prejudicada. Se hoje já é difícil conseguir um patrocínio master, imagine depois de um rompimento dessa natureza.

Já abordei esse assunto quando surgiram boatos de que a Adidas estava negociando com o Flamengo (Adidas no Flamengo. O que você acha?) no ano passado. Não mudo uma linha do que escrevi à época e mantenho o mesmo ponto de vista. Agora, os rumores indicam que a Nike estaria conversando com o clube. A mesma Nike que, no passado, teve um péssimo relacionamento com o Flamengo em termos de distribuição e marketing. Não foram poucas as reclamações sobre a distribuição de material, tanto para o clube quanto para os torcedores. Além disso, o valor pago pela empresa americana era irrisório, se comparado ao que a Olympikus oferece atualmente.

Cito aqui um trecho do que escrevi no ano passado, que ainda vale para mim: “A Olympikus é mais do que apenas uma fornecedora de material esportivo para o Flamengo; é uma parceira do clube. A Olympikus financiou os salários de Adriano e, posteriormente, fez o mesmo com Vagner Love, durante suas passagens pela Gávea. A Olympikus trata o Flamengo como o número um entre todos os clubes que atende, um tratamento que não tínhamos com a Nike e que dificilmente a Adidas replicaria. Além disso, a Olympikus valoriza a história do Flamengo e a marca no mercado, algo que talvez nem mesmo a diretoria saiba o peso que tem. São benefícios que vão além do dinheiro.”

Em quase dois anos e meio de parceria, a Olympikus já vendeu mais de três milhões de camisas, o que dá uma média de um milhão por ano. Vocês sabem quantas camisas a Nike vendia, em média, na época em que fornecia o material esportivo para o Flamengo? Parece mentira, mas é verdade: cerca de cem mil camisas por ano. Isso mesmo, cem mil camisas para uma torcida de milhões. Será que o Flamengo obtinha algum lucro com a Nike?

Hoje, a Olympikus ajuda a pagar os salários de Deivid e Vagner Love, e vale lembrar que a empresa não ganha nada em publicidade com esses jogadores. Vagner Love, por exemplo, é patrocinado pela Adidas. O mesmo aconteceu com Adriano em sua segunda passagem pelo clube: a empresa financiou o Imperador quando o Flamengo ainda vestia Nike. Sem mencionar o investimento feito no museu do clube, que está previsto para ser lançado em junho, na Gávea. O orçamento já foi ultrapassado, mas a empresa continua investindo em um patrimônio que ficará para o clube.

A Olympikus tem todo o direito de não ajudar o Flamengo a pagar o salário de Ronaldinho Gaúcho, já que esse seria um dos argumentos da diretoria, segundo o site FutNet. Outro argumento utilizado é que, ao firmar um contrato maior com outra empresa de material esportivo, compensaria a falta do patrocínio master e o dinheiro que seria investido no clube. Para mim, isso soa como um atestado de incompetência da diretoria, se for realmente esse o motivo.

Diferentemente do que ocorreu em novembro do ano passado, não foi a Adidas ou a Nike que procuraram o Flamengo, foi a própria diretoria que se colocou disponível no mercado para uma possível negociação. E tudo isso com um contrato em vigor até 2014.

Não sou especialista no assunto, não tenho influência política no Flamengo e não faço parte da oposição a Patrícia Amorim; sou a favor do que é melhor para o Flamengo. Também não recebo nenhuma cortesia por parte da Olympikus. Tenho todos os modelos lançados pela empresa desde 2009, mas comprei cada um deles para ajudar o clube, não ganhei nenhum. Estou apenas expressando minha opinião, pois acredito que seria prejudicial para o clube encerrar essa parceria com a Olympikus dessa forma.

Outro ponto que chama a atenção é que a negociação com a Nike está sendo intermediada por Roberto Assis, irmão e empresário de Ronaldinho Gaúcho, que certamente não está fazendo isso de graça. Além disso, quem deu o aval para negociar tanto com a Adidas quanto com a Nike foi Fernando Sihman, marido de Patrícia Amorim. Ele não faz parte da diretoria, é torcedor do Fluminense, mas manda e desmanda no Flamengo nos bastidores, sendo inclusive chamado de “presidente” dentro do clube.

Não me importa estar na moda vestindo Nike ou Adidas, o que me importa é vestir o Rubro-Negro e saber que o Flamengo está colhendo bons frutos com seus parceiros, honrando seus compromissos.

Há um velho ditado que diz: “É melhor fazer uma coisa bem feita do que várias mal feitas”.

Tulio Rodrigues
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