Rondinelli, o nosso eterno Deus da Raça

Tulio Rodrigues

Rondinelli é, sem dúvida, um dos meus maiores ídolos no futebol. Tenho profundo respeito e admiração por ele. Como jogador e pessoa, Rondinelli é um exemplo. No campo, ele entendeu como poucos o que significa vestir o Manto Sagrado, que ele tanto amou defender. Antes de conhecer sua história e seus feitos pelo Flamengo, me perguntava: por que o apelido “Deus da Raça”? Descobri que Rondinelli encarnava, de forma genuína, a vibração e a raça de jogar pelo Flamengo. O gol que o imortalizou como ídolo e “Deus da Raça” foi na final do Carioca de 1978 contra o Vasco, aos 41 minutos do segundo tempo. Eu não era nascido, mas me emociono e arrepio toda vez que vejo aquele gol.

Antônio José Rondinelli Tobias nasceu em 26 de abril de 1955, em São José do Rio Pardo, São Paulo. Sua trajetória no Flamengo começou nas categorias de base, em 1968. Chegou ao time principal em 1971, e dois anos depois, tornou-se titular absoluto como zagueiro, reconhecido pela raça, virilidade e entrega em campo.

Rondinelli não é lembrado apenas pelo gol histórico contra o Vasco em 1978. Segundo Zico, Rondinelli foi o único jogador que ele viu dividir uma bola com a cabeça. Durante um Fla-Flu, ele bloqueou um chute de Rivelino, a famosa “Patada Atômica”, usando a cabeça. O próprio Rivelino confirmou o fato, dizendo que temeu pela integridade física do jovem Rondinelli.

Outra história marcante do “Deus da Raça” foi fundamental para o título do primeiro Campeonato Brasileiro do Flamengo, em 1980. No primeiro jogo da final contra o Atlético-MG, no Mineirão, Rondinelli teve o maxilar quebrado por Éder em uma dividida. O Flamengo perdeu aquela partida por 1 a 0, e Rondinelli, hospitalizado, não pôde jogar a segunda partida decisiva. Ainda no vestiário do Maracanã, o técnico Cláudio Coutinho leu uma mensagem de Rondinelli para os companheiros: “Companheiros, estou bem, torcendo de fora. Vamos pras cabeças.” Aquela mensagem motivou ainda mais o time. No final, o Flamengo venceu por 3 a 2, e o Brasil se tingiu de vermelho e preto com o título inédito.

Rondinelli disputou 406 partidas pelo Flamengo, marcou 12 gols e conquistou inúmeros títulos. Foram quatro Campeonatos Carioca (1974, 1978, 1979 e 1979 especial), três Taças Guanabara (1978, 1979 e 1980), dois Torneios Ramón de Carranza (1979 e 1980) e o Campeonato Brasileiro de 1980. Individualmente, foi premiado com a Bola de Prata da Revista Placar em 1978. Ele deixou o Flamengo em 1981.

Em 1982, passou por Corinthians e Vasco, encerrando a carreira no Bonsucesso em 1983, aos 28 anos, devido a problemas crônicos no joelho. Rondinelli também vestiu a camisa da Seleção Brasileira em cinco jogos, entre 1976 e 1980. Hoje, ele integra o FlaMaster, e suas raízes no Flamengo são tão profundas que, em um clássico contra o Vasco, jogando pelo rival, a torcida rubro-negra entoou seu nome nas arquibancadas.

O que mais posso dizer sobre Rondinelli? Termino esta homenagem com suas próprias palavras:

Quando comecei a jogar pelo Flamengo, aprendi logo que quem veste essa camisa tem que mostrar garra e amor à torcida, não importa a qualidade de seu futebol. Caso contrário, é melhor ir embora.

Obrigado, Rondi!

Tulio Rodrigues

Documentário com gols e depoimentos para conhecer melhor Rondinelli:

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