Série – 100 anos de Fla x Flu – Fluminense 3 x 2 Flamengo – Campeonato Carioca 1995

Tulio Rodrigues

Seguindo as memórias dos 100 anos de Fla-Flu, trago um relato sobre a final do Carioca de 1995, um jogo que, apesar de doloroso pela derrota, é inesquecível para mim. Ao invés de me ater apenas aos fatos do jogo, decidi compartilhar a minha experiência pessoal daquele dia.

Não há um momento ou um motivo exato em que eu possa dizer: “Foi nesse dia que me tornei Flamengo.” Sempre fui Flamengo. Desde que me entendo por gente, minha paixão pelo clube é algo natural, algo que sempre esteve ali. Tenho um tio fanático pelo Flamengo, que sempre pedia à minha mãe para me levar aos jogos. Ela, no entanto, nunca deixava. Minha primeira ida ao Maracanã foi naquele mesmo Campeonato Carioca, num Flamengo x Vasco em que vencemos por 4 a 2. Esse Fla-Flu foi minha segunda experiência no Maracanã, e logo em uma final!

Naquele domingo, a expectativa era enorme. Eu tinha 11 anos, estava apaixonado pelo Flamengo e ansioso para minha primeira final. Era um momento ainda mais especial, pois o clube celebrava seu centenário. Eu acompanhara todos os jogos do campeonato, anotando resultados em uma tabela. Vestia uma camisa do Flamengo emprestada do meu tio, já que ainda não tinha meu próprio Manto Sagrado. Lembro também que ele comprou uma bandeira que colocamos no porta-malas do carro antes de sairmos rumo ao Maracanã.

Chegamos ao estádio e nos deparamos com um entorno lotado. Como não havia venda antecipada de ingressos, fomos direto à bilheteria. Ingressos na mão, entramos pela Estátua do Bellini, onde recebemos um jornal da torcida Raça Rubro-Negra com as músicas que seriam cantadas na arquibancada. O estádio estava abarrotado, a maioria rubro-negra.

Éramos favoritos. Um empate bastava para sermos campeões. O Flamengo havia feito uma campanha arrasadora, com várias goleadas, enquanto o Fluminense chegara à final aos trancos e barrancos. Mas, como todo rubro-negro sabe, favoritismo não entra em campo.

O Fluminense começou melhor. Renato Gaúcho abriu o placar e, logo depois, Leonardo ampliou. A chuva caía forte, e nosso time parecia irreconhecível. Ainda assim, na arquibancada, a torcida não parava de cantar. Meu tio, emocionado, demonstrava reações que eu nunca tinha visto.

No segundo tempo, o Flamengo voltou a ser Flamengo: ousado, guerreiro, imponente. Romário, meu ídolo na época, diminuiu para 2 a 1. Foi então que percebi a força da torcida rubro-negra. O anel rubro-negro inflou de uma forma tão vibrante que parecia impossível que o time não reagisse em campo. E reagiu. Em uma bela jogada de Fabinho, veio o empate: 2 a 2. O título era nosso.

Na arquibancada, o grito de “é campeão” já tomava conta. Tudo indicava que a vitória era certa, mas o futebol tem seus caprichos. Em um ataque do Fluminense, Aílton driblou dois jogadores do Flamengo e chutou. A bola encontrou Renato Gaúcho, que marcou com a barriga. Silêncio absoluto no Maracanã. Um silêncio perturbador.

Fim de jogo. Fluminense campeão. Meu tio chorou. A dor era insuportável.

Na saída, vi camisas do Flamengo jogadas no chão e fiz uma promessa: por mais dolorida que fosse uma derrota, jamais faria aquilo com o Manto Sagrado. Nunca o fiz. Voltei para casa triste, magoado, mas com a certeza de que meu amor e minha devoção ao Flamengo haviam se fortalecido. Aquele dia me tornou ainda mais rubro-negro.

Ficha técnica
Data: 25/06/1995
Partida: Flamengo 2 x 3 Fluminense
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Competição: Campeonato Estadual de 1995
Árbitro: Léo Feldman
Público: 112.285 pagantes / 120.418 presentes

Gols:
– Renato Gaúcho, 30’/1ºT (1-0)
– Leonardo, 42’/1ºT (2-0)
– Romário, 26’/2ºT (2-1)
– Fabinho, 32’/2ºT (2-2)
– Renato Gaúcho, 42’/2ºT (3-2)

Cartões Vermelhos: Sorlei (Flu), Marquinhos (Fla) e Lira (Flu).

FLUMINENSE: Wellerson, Ronald, Lima, Sorlei e Lira; Márcio Costa, Aílton, Djair e Rogerinho (Ézio); Renato Gaúcho e Leonardo (Cadu).
Técnico: Joel Santana.

FLAMENGO: Roger, Marcos Adriano (Rodrigo), Gelson, Jorge Luís e Branco; Charles, Fabinho, Marquinhos e William (Mazinho); Romário e Sávio.
Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

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