No dia deste jogo memorável, confesso que nem cogitava ir ao Maracanã. Um amigo, porém, apareceu em minha casa e insistiu para que eu fosse assistir à partida. Naquela época, não havia grandes preparativos ou planejamento. Simplesmente íamos ao estádio, independentemente da ocasião. Era outro tempo.
Lembro-me bem: era um domingo de muito sol. Fui ao Maracanã com pouca grana, então fiquei nas cadeiras comuns. Na época, ainda existia a famosa Geral, e as cadeiras ficavam logo atrás. Foi a primeira vez que assisti a um jogo daquele setor. Já tinha visitado outros pontos do estádio, incluindo a Geral, mas ali era novidade para mim. Posicionamo-nos logo abaixo da Raça Rubro-Negra para torcermos junto com a organizada.
O clima do jogo era especial. O Fluminense mantinha um tabu sobre o Flamengo no Carioca: quatro jogos sem derrotas. Aquele era o momento de pôr fim a essa marca. O Maracanã estava lotado com 60 mil pessoas, e o Fluminense era o favorito. Seu elenco contava com nomes de peso, entre eles o artilheiro Romário, que havia completado 38 anos três dias antes e recebido até bolo dos tricolores. No entanto, o destino reservava outro protagonista para aquela tarde: Roger, o herói improvável.
O Jogo
Apesar do favoritismo tricolor, quem abriu o placar foi o Flamengo. Aos 41 minutos do primeiro tempo, Felipe deu um passe perfeito para Jean, que chutou colocado e fez 1×0. A comemoração foi breve. Apenas dois minutos depois, Romário empatou para o Fluminense.
No segundo tempo, o Fluminense voltou mais ofensivo. Aos 7 minutos, Romário converteu um pênalti e virou o jogo para 2×1. Aos 19, em um passe magistral do mesmo Romário, Rodolfo ampliou para 3×1.
Atrás do gol do Flamengo, eu observava incrédulo. A torcida tricolor já ensaiava gritos de “olé”. Mas, aos 24 minutos, começou a reação Rubro-Negra. Felipe, da entrada da área, acertou um chute rasteiro e diminuiu para 3×2. Dois minutos depois, o lateral Roger empatou de cabeça: 3×3. O Maracanã explodia!
Aos 30 minutos, o delírio total. Em mais uma assistência milimétrica de Felipe, Roger marcou o gol da virada: 4×3. A torcida do Flamengo tomou conta das arquibancadas e, em êxtase, cantou o sucesso de Ivete Sangalo, “Poeira”, que se tornaria um hino nos estádios.
O jogo terminou com a vitória do Flamengo, 4×3. Histórico, sensacional! Saí do estádio eufórico, sentindo-me parte de algo grandioso. Parafraseando Galvão Bueno: “Vencer é bom, mas vencer o Fluminense é melhor ainda!”
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Ficha Técnica
Flamengo 4×3 Fluminense
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Data: 01/02/2004
Público: 59.000 pagantes
Gols: Jean (FLA) 41′, Romário (FLU) 43′ do 1ºT; Romário (FLU) 7′, Rodolfo (FLU) 19′, Felipe (FLA) 24′, Roger (FLA) 26′ e 30′ do 2ºT
Competição: Estadual – Taça Guanabara 2004
Flamengo: Júlio César; Rafael, Henrique, Fabiano Eller e Roger; Da Silva (Jônatas), Ibson, Felipe e Fábio Baiano; Jean e Rafael Gaúcho.
Técnico: Abel Braga.
Fluminense: Kléber; Leonardo Moura, Antônio Carlos, Rodolfo e Júnior César; Marcão, Juca, Alan e Ramon; Alessandro e Romário.
Técnico: Valdyr Espinosa.
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realmente foi o campeonato dos vira casaca, ainda tinha o fabiano eller no fla, o beto no vasco. a minha taça gb preferida.tinha 13 anos, nunca vou esquecer aquele jogaço daquele sábado de carnaval, e aquele estadual é o meu preferido.
ironia felipe e abel no flamengo e romário no fluminense,ilario,bons momentos,recordar é viver.