Série Velho Maraca – A alma do Maracanã

Arte de Paulo Sérgio (@Pausse)
O Maracanã pra mim sempre foi símbolo de algo grandioso e fantástico quando misturado a Nação Rubro-negra. Não há nada maior e mais homogêneo de que o Flamengo, a torcida e o Maracanã.
Há coisas na vida que não se explicam como o fato de justamente o Flamengo ser o Clube que conquistou as suas principais glórias dentro do “Templo do futebol”. Separar tais fatos concretos e insolúveis é como negar a própria sanidade.
A minha relação com o Maracanã começou em 1992. Sim, eu tenho uma relação com esse estádio que vai muito além de torcer. É simplesmente uma ligação emocional e afetiva com o Maracanã.
No dia 19 de julho de 1992, eu vivi a primeira expectativa de entrar no Maracanã. A final do Campeonato Brasileiro daquele ano reservou a mim uma estreia digna e a altura para se tornar inesquecível. O astro principal? Junior! Como a primeira partida foi três a zero para o Flamengo, a segunda seria uma mera formalidade para a confirmação do sonhado Penta!
Cento e vinte e duas mil pessoas no Maracanã que estava tomado de preto e vermelho. O frio na barriga, o nervosismo, tudo era parte do ritual que antecedia a minha estreia. Ao entrar, parecia que estava num verdadeiro caldeirão Rubro-Negro e o que logo reparei foi que a maioria dos torcedores presentes era do Flamengo. A torcida do Botafogo havia jogado a toalha!
Uma cena me chocou ainda antes da partida. A arquibancada se rompeu e mais de cem pessoas ficaram feridas e quatro morreram. Na hora não dava para ter noção do que acontecera, mas a imagem me impressionou e confesso que só anos mais tarde é que soube realmente o que ocorreu.
Sobre o jogo, posso dizer que uma imagem ficou marcada para sempre na minha memória e que deu todo o sentido de ser flamengo, e de estar ali naquele momento. Junior cobra falta aos quarenta e dois minutos do primeiro tempo com perfeição que só jogadores como ele sabem fazer. A explosão do Maracanã, a sua comemoração emblemática correndo como um menino peralta sem direção pelo gramado é de arrepiar até hoje. Se alguém tinha dúvida do título, a certeza era ali. Talvez, outro estádio não estaria à altura para tal momento tão emblemático como esse.
Após aquele instante tudo que ocorreu até o fim da partida ficou em segundo plano. Não precisa falar. A comemoração de mais um título dentro do nosso habitat favorito com a torcida invadindo o campo para comemorar com os jogadores o “Primeiro Penta” foi a cereja do bolo que se completava como uma letra se encaixa numa melodia de uma canção com o gol do Maestro. Inesquecível! Não sabia, mas estava sendo testemunha ocular de um momento histórico que ditaria dali em diante a minha vida e o sentido dela.
Deus me permitiu ver Junior fazer história no Maracanã e essa é com certeza uma das imagens mais marcantes como torcedora de arquibancada. Se eu pudesse voltar no tempo, seria para esse dia que voltaria.
Hoje, o Maracanã foi completamente reformado e já tive a oportunidade de ver o “Novo Maracanã”. É um luxo, muito bonito, padrão europeu, mas é como se tivessem feito outro estádio ali dentro, porém, há uma coisa que concessionária, empreiteira e governo nenhum tira que é a alma do “Velho Maraca” construída ao longo do tempo por Zico, Pelé, Evaristo, Junior, Garrincha, Jairzinho, Adílio, Rivelino, Renato Gaúcho, Pet, Romário, Gerson… Entre tantos outros que contribuíram para que o “Velho Maraca” não morra jamais!
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Tulio Rodrigues