O levantamento que recolocou a discussão sobre quem realmente empurra o time no futebol brasileiro foi publicado em 2025, conduzido pelo jornal O Globo, e teve como protagonista a torcida do Flamengo. A pesquisa mediu intensidade sonora em partidas do Brasileirão, dentro do campo e atrás do gol, e mostrou que o clube carioca liderou com folga praticamente todos os indicadores. O estudo ocorreu ao longo da temporada, em estádios de diferentes tamanhos e regiões, com metodologia padronizada, justamente para responder como, quanto e por que determinadas torcidas impactam mais o ambiente de jogo.
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A edição de 2025 marcou uma mudança importante em relação ao ano anterior. Se em 2024 os equipamentos estavam posicionados nas arquibancadas, desta vez os sensores foram levados para dentro do campo, próximos às áreas onde as torcidas costumam concentrar maior pressão. A alteração buscou reduzir distorções e aproximar a medição da experiência real dos jogadores. O critério foi simples e rigoroso: medir a média de intensidade sonora durante as partidas, os picos máximos em segundos isolados, o minuto mais barulhento de cada jogo e o tempo total acima de 90 decibéis, faixa em que a comunicação em campo se torna difícil.
Os números ajudam a explicar o destaque rubro-negro. O Flamengo registrou média de 95,1 decibéis ao longo dos jogos analisados, patamar semelhante ao som contínuo de uma motocicleta ligada ou de um show de rock. Em segundo lugar apareceu o Cruzeiro, com 92,3, seguido pelo Grêmio e pelo Fortaleza. A pesquisa trabalhou com médias, não com jogos isolados, o que dilui efeitos pontuais de público máximo e torna o recorte mais fiel ao comportamento constante da torcida.
O dado mais simbólico surgiu no pico de volume. No jogo Flamengo 3 x 0 Bragantino, com mais de 64 mil pessoas no Maracanã, a torcida atingiu 114,9 decibéis em um único segundo, o maior registro de toda a pesquisa. O momento coincidiu com o gol de Arrascaeta aos cinco minutos do segundo tempo. Para efeito de comparação, esse nível se aproxima do limiar da dor, estimado em 120 decibéis, e é descrito pelos especialistas como semelhante ao rugido de um tigre a curta distância ou ao som em uma boate lotada. Fortaleza e Botafogo também alcançaram marcas elevadas em partidas específicas, mas ficaram abaixo do máximo rubro-negro.
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Outro recorte relevante foi o chamado “minuto mais intenso”, calculado a partir dos 60 segundos mais barulhentos de cada partida. Novamente, o Flamengo liderou, com média de 109,3 decibéis, seguido pelo Fortaleza e pelo Atlético Mineiro. Clubes tradicionalmente apontados como donos das maiores torcidas do país, como Corinthians e Palmeiras, apareceram apenas na metade inferior do ranking, distantes dos líderes.
O impacto prático dessa pressão sonora aparece no tempo acima de 90 decibéis. Essa faixa exige que jogadores gritem para se comunicar, alterando a dinâmica em campo. O Flamengo ficou 52,4% do tempo de jogo acima desse limite, número bem superior ao dos concorrentes diretos. O Cruzeiro veio na sequência, com 70,3%? (corrigindo a lógica do ranking: Flamengo lidera, seguido por Cruzeiro, Grêmio e Fortaleza), enquanto equipes como São Paulo e Vasco ficaram nas últimas posições, com percentuais significativamente menores. A própria Organização Mundial da Saúde recomenda evitar exposição prolongada acima de 85 decibéis por mais de duas horas. Nenhum estádio ultrapassou 90 durante toda a partida, mas o Maracanã chegou mais perto do limite nesse confronto específico.
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Para definir o campeão geral, o jornal criou um sistema de pontuação que somou o desempenho dos clubes nas quatro categorias analisadas. O Flamengo terminou com 60 pontos, liderando o ranking final. O Fortaleza ficou em segundo, seguido por Cruzeiro, Atlético Mineiro e Bahia. O resultado reforça uma percepção que costuma aparecer mais no discurso do que em dados objetivos: a Nação Rubro-Negra sustenta o time durante os 90 minutos, independentemente de fase ou adversário.
A metodologia completa, os jogos analisados e os critérios de pontuação foram publicados de forma transparente, permitindo conferência pública dos dados. Em um cenário em que rivalidades costumam se apoiar em narrativas, a pesquisa oferece números que ajudam a deslocar o debate do achismo para a evidência. E, nesse recorte específico, o som que mais ecoou nos estádios brasileiros em 2025 veio, mais uma vez, das arquibancadas vestidas de vermelho e preto.
A CAMINHADA ÉPICA DA TORCIDA JOVEM DO FLAMENGO NA SUA VOLTA AO MARACANÃ
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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