TORCEDORES PALMEIRENSES CHORAM E PVC SAI EM DEFESA DO PALMEIRAS: “MUITOS ADVOGADOS DO FLAMENGO”
O comentário de PVC sobre as punições de Bruno Henrique e Vítor Roque reacendeu uma discussão recorrente no futebol brasileiro. O jornalista se viu cobrado por torcedores no “De Primeira” e voltou a comparar a situação dos dois jogadores. A fala dele vinha sendo debatida desde um vídeo divulgado pelo UOL, que resumia a posição do comentarista em um formato mais curto, e o caso explodiu novamente no programa seguinte
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A tensão nasce da assimetria observada por boa parte do público. Quando o tema envolve um jogador do Flamengo, o tom costuma ser duro. Quando recai sobre o Palmeiras, seu time de coração, a abordagem tende a ser mais tolerante. Esse contraste apareceu de forma clara nas interpretações sobre as ações de Bruno Henrique, denunciado criminalmente por manipulação de resultado, e de Vítor Roque, autor de uma postagem homofóbica. Ambos culminaram em multas. Os episódios, porém, foram narrados em tons distintos.
PVC argumentou que a diferença está no fato de que apenas o rubro-negro responde a um processo criminal. A fala acabou abrindo espaço para interpretações que colocam em xeque a própria lógica do crime. Afinal, discriminação por orientação sexual também está prevista em lei e pode ser denunciada no sistema de justiça. A transação disciplinar firmada entre Vítor Roque e o Palmeiras, aceita pelo STJD, reforça que houve reconhecimento de culpa por parte do atacante, que pagou multa de R$ 80 mil e se livrou de suspensão. Bruno Henrique também recebeu punição financeira, de R$ 100 mil.
A reação palmeirense sobre o jogo contra o Santos, em que reclamou de um pênalti não marcado, demonstra como o discurso oscila conforme o contexto. O diretor Anderson Barros havia criticado decisões recentes do STJD e também o desempenho da arbitragem. PVC, porém, descreveu aquela manifestação como elegante, diferente da forma com que costuma interpretar qualquer declaração do Flamengo, principalmente quando vem de Boto, integrante da diretoria rubro-negra. Quando a crítica parte de São Paulo, vira ponderação. Quando vem do Rio, vira exagero.
Esse duplo padrão foi notado por diversos analistas e ironizado por Antonio Tabet, que resumiu a contradição. Segundo ele, o Palmeiras reclama publicamente que o Flamengo reclama publicamente e, para demonstrar sua discordância, volta a reclamar publicamente. A leitura irônica sintetiza a confusão criada pela tentativa de se construir uma distinção moral entre práticas que, no fim das contas, são semelhantes.
Outra contradição lembrada por torcedores envolve o calendário. Hoje o Palmeiras critica o fato de ter atuado desfalcado durante a data FIFA. Entretanto, semanas atrás, o clube apoiou a mudança conduzida pela CBF, enquanto o Flamengo se opôs. Ainda assim, parte da imprensa, entre ela PVC, tenta dissociar o apoio palmeirense às decisões da entidade dos prejuízos esportivos observados na rodada.
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No fim, o que se vê é uma disputa permanente por espaço narrativo. Flamengo e Palmeiras, protagonistas esportivos da última década, também travam um jogo simbólico fora de campo. A imprensa, com seus comentaristas, participa como agente ativo dessa construção. Quando uma crítica é suavizada para um lado e amplificada para o outro, esse desequilíbrio acaba ditando o rumo das discussões que mobilizam torcedores e dirigentes.
O episódio envolvendo PVC, Bruno Henrique, Vítor Roque e as notas oficiais apenas expõe um desenho antigo. O mundo do futebol sempre foi permeado por interesses, alinhamentos pessoais e leituras seletivas. O que muda agora é a velocidade com que isso se revela diante de uma audiência cada vez mais crítica, que tem acesso ao vídeo integral, ao recorte, ao comentário de bastidor e à repercussão em todas as plataformas. No meio disso, a coerência é o primeiro teste e o mais difícil de sustentar.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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