A História do Clube de Regatas do Flamengo – A fundação

Tulio Rodrigues

A partir desta postagem, começarei a contar a história do Clube de Regatas do Flamengo, o clube mais popular do Brasil, conhecido como o “Mais Querido”. Carregando uma mística que apenas os torcedores compreendem, o Flamengo representa muito mais do que um time de futebol. Para iniciar, vamos falar sobre sua fundação.

A Fundação

O Flamengo já nasceu com garra e um espírito vencedor. Sua história remonta a um tempo muito anterior, atravessando três séculos. O clube foi fundado apenas seis anos após a Proclamação da República, e contar sua trajetória é também contar parte da história do Brasil. Como bem definiu o escritor Ruy Castro em Flamengo, o vermelho e o negro, “O Rio foi seu berço, mas sua casa é o Brasil”. Os idealizadores do Flamengo não imaginavam o quão longe esse amor pelo esporte iria.

Em 1895, a cidade do Rio de Janeiro vivia um momento de grandes transformações sociais e políticas. Era o início da República, proclamada em 15 de novembro de 1889, com um cenário urbano repleto de diversidade social e cultural. As praias do Flamengo e Botafogo eram os principais pontos de encontro da elite carioca, enquanto Copacabana, Leblon e Ipanema ainda eram regiões distantes e pouco valorizadas.

Naquele contexto, o remo era o esporte preferido dos cariocas, e assistir às regatas aos domingos era o grande programa do fim de semana. Os remadores, fortes e bronzeados, atraíam a atenção das moças da época, o que inspirou um grupo de amigos, moradores da Praia do Flamengo, a criar o seu próprio clube de regatas, principalmente para competir com os remadores de Botafogo.

Em setembro de 1895, durante uma reunião no famoso restaurante Lamas, no Largo do Machado, José Agostinho Pereira da Cunha propôs a criação do grupo, e seus amigos Mário Spíndola, Augusto da Silveira Lopes e Nestor de Barros concordaram imediatamente. O primeiro desafio do grupo foi adquirir uma embarcação. Juntaram 400 mil réis e compraram uma velha baleeira de cinco remos, que foi levada para a praia de Ramos para ser reformada.

Em 6 de outubro, o barco, batizado de “Pherusa”, foi lançado ao mar. No entanto, durante a travessia da Ponta do Caju para a Praia do Flamengo, uma tempestade inesperada causou o naufrágio da embarcação. Os tripulantes, agarrados ao casco, lutaram para sobreviver, e Joaquim Bahia, um exímio nadador, nadou até a praia em busca de socorro. Todos foram resgatados e o naufrágio foi noticiado no Jornal do Commercio no dia seguinte, marcando o nascimento do Flamengo com uma história de heroísmo e superação.

Persistentes, os jovens reformaram a baleeira, mas ela foi roubada antes de ser usada novamente. Em vez de desistirem, eles juntaram dinheiro e compraram um novo barco, batizado de “Scyra”. No dia 17 de novembro de 1895, na casa de Nestor de Barros, na Praia do Flamengo nº 22, fundaram oficialmente o Grupo de Regatas do Flamengo, elegendo Domingos Marques de Azevedo como o primeiro presidente. As cores do clube, inicialmente azul e dourado, foram alteradas para vermelho e preto em 1896, devido à dificuldade de encontrar tecidos de qualidade que não desbotassem.

Essa é a história da fundação do Clube de Regatas do Flamengo, um clube nascido sob o signo da determinação e superação, que carrega até hoje o orgulho de seus torcedores.

Fonte: Site Oficial do Flamengo

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