Do sonho à realidade: Os mais de 10 anos de luta para a criação do Museu Flamengo

A história do Patrimônio Histórico do Flamengo remonta aos anos 90, mais precisamente em 1995, quando o presidente eleito, Kleber Leite, criou a vice-presidência, com Moisés Arkeman assumindo a pasta, que tinha como objetivo a preservação da história do Mais Querido. Porém, sem dinheiro, demorou anos para que o clube passasse a investir no setor.
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Um trabalho mais aprofundado passou a ser feito quando Eduardo Vinícius, conhecido como Dudu, um dos maiores colecionadores de itens do Flamengo, começou a prestar serviços ao clube nos anos 90 como diretor de informática e, posteriormente, como vice-presidente de Patrimônio em diversas oportunidades durante os anos 2000.
Dudu foi diversas vezes nomeado para assessorar fornecedoras como Nike e Olympikus na confecção dos uniformes do Flamengo. Foi também presidente da comissão provisória do Conselho Deliberativo para elaboração do Manual de Padronização de Propaganda nos Uniformes, que vigora até hoje, com alterações. Mas o sonho de ver um museu ou memorial que preservasse itens e a história do clube ainda estava longe.
Ao longo dos anos, o Patrimônio Histórico não teve vice-presidente entre as gestões de Márcio Braga e Patrícia Amorim, mas contou com diretoria voluntária em algumas oportunidades e a chegada de alguns nomes importantes, além de Eduardo Vinícius, como Rodrigo Saboia, Bruno Lucena, Mário Helvécio e Maurício Neves de Jesus.
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Em maio de 2008, o Flamengo firmou contrato com a Olympikus, que ia além do fornecimento de material esportivo. A empresa prometia investir R$ 8 milhões na construção do museu, além de uma loja que estaria interligada.
O projeto previa o uso de 2.600 m², divididos em três andares: dois dedicados ao museu e o último, no terceiro andar, seria um bar temático. O museu do Barcelona era uma das referências, bem como a linha multimídia utilizada no Museu do Futebol, no Pacaembu. O curador do espaço, Leonel Kaz, chegou a ser cogitado para ser consultor.
Com o imbróglio com a Nike, o contrato com a Olympikus só entrou em vigor no segundo semestre de 2009. Com isso, a megaloja só foi inaugurada em 15 de novembro, dia do aniversário do clube, e a expectativa era de que as obras do museu começassem ainda naquele ano, mas isso não aconteceu.
A pedra fundamental do “Museu Flamengo”, mesmo nome utilizado atualmente, foi lançada no dia 16 de novembro de 2010, em grande evento com a presença de atletas dos esportes olímpicos, do treinador Vanderlei Luxemburgo, da presidente Patrícia Amorim, representantes da Olympikus e do diretor-executivo do Instituto Museu Flamengo (IMFLA), Mauro Chaves.

A obra sofreu diversos atrasos por conta da complexidade das intervenções a serem feitas e do valor, que ultrapassaria os R$ 8 milhões prometidos pela Olympikus. Em julho de 2011, a construção retomou a todo vapor, mas parou novamente, retornando em 2012 por pouco tempo, pois o Flamengo começou a negociar um distrato do contrato com a fornecedora brasileira para que a Adidas assumisse o lugar.
Em 2014, com a administração da Futebol Tour, foi inaugurado, no aniversário de 119 anos do Flamengo, o Fla Experience, tratado como exposição interativa. Parte do espaço passou a ser alugado para feiras e boates, o que gerou críticas.
Nesse meio tempo, o Flamengo contou com a ajuda do projeto Fla Nação, liderado por Sandro Rilho, para restaurar alguns troféus históricos para exposição. Vale lembrar que algumas taças ficaram anos guardadas em um contêiner na Gávea, sofrendo com goteiras, oxidação e apresentando grande deterioração.
Após o fim do contrato com a Futebol Tour, a administração de Eduardo Bandeira de Mello retomou as rédeas do museu e o Patrimônio Histórico, através do seu vice-presidente, Roberto Diniz, inaugurou, em 2016, o Fla Memória. Além disso, o clube foi estruturando cada vez mais o seu acervo e o setor.
No ano seguinte, começou o trabalho para expansão do projeto inicial de 300 m² para 2.100 m². É quando a Mude Brasil entra na jogada e começa a elaboração do, agora sim, Museu do Flamengo. Todo o planejamento foi apresentado e aprovado no Conselho Deliberativo em 27 de março de 2018, com direito de uso do espaço (2.000 m², divididos em dois andares) por 10 anos, a partir da data da inauguração.
Coube à Mude Brasil a responsabilidade por toda a captação de recursos para a construção do museu. Em 18 de novembro de 2021, em evento na Gávea, o Flamengo lançou oficialmente as obras do Museu Flamengo, com investimento de R$ 18 milhões via patrocínios do BRB, Ambev, Epson, Tim, Estapar e Trem do Corcovado. A inauguração estava prevista para julho de 2022.
A expectativa era gerar um impacto econômico no Rio superior a R$ 300 milhões por ano e um público de 400 mil pessoas, entre cariocas e turistas, anualmente. Com alguns atrasos, em 4 de março de 2023, o Museu Flamengo foi inaugurado, com 1.200 m² de área, em grande evento na Gávea, já com a promessa de expansão para os 2.000 m² do projeto inicial. Eduardo Vinícius, um dos maiores entusiastas da ideia, atuou como curador.
Em abril de 2024, o Museu do Flamengo foi oficialmente incluído no roteiro turístico da cidade do Rio de Janeiro, após aprovação do projeto de lei de autoria do vereador Marcos Braz pela Câmara Municipal.
Com o falecimento de Eduardo Vinícius em 27 de junho de 2024, o Flamengo passou a não ter mais um curador para o museu. Em junho de 2025, já com nova diretoria no comando, o clube, por meio do vice-presidente de Patrimônio, José Antônio da Rosa, passou a conversar com empresas do ramo de academias para utilização do espaço destinado à expansão do Museu Flamengo.
Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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