Fla x Flu e os fragmentos verdadeiros

Fla x Flu e os fragmentos verdadeiros

Antes de falar qualquer coisa sobre o Fla-Flu deste domingo, quero esclarecer uma das maiores mentiras do futebol brasileiro. Muitos tricolores gostam de afirmar que o Flamengo nasceu do Fluminense. Mas, amigos, isso não é verdade! Basta dar uma olhada na história para perceber que os fatos são diferentes. No livro O Vermelho e o Negro, de Ruy Castro, ele afirma:

Não, e de uma vez por todas: o Flamengo não é filho do Fluminense, ao contrário do que muitos pensam. É, com muito orgulho, seu irmão. E irmão mais velho, porque, quando o Fluminense foi fundado em 1902, o Flamengo já tinha sete anos de vida. O Flamengo nasceu junto com a lâmpada elétrica, a máquina de escrever e o telefone. É da mesmíssima idade do cinema e do gramofone. E nasceu antes do bonde elétrico, do automóvel e do avião. Surpreso? Pois não deveria estar. Afinal, fundado em 1895, o Flamengo está entrando em seu terceiro século de existência — Alguém já havia pensado nisso?

Portanto, flamenguistas, quando algum tricolor mal informado disser que o Flamengo é “filho” do Fluminense, mostrem a verdadeira história. Entendo de onde essa confusão surgiu e aqui vai a explicação:

Na reta final do Carioca de 1911, nove jogadores do Fluminense foram contra a decisão da comissão técnica de substituir o centroavante Alberto Borgerth, líder e capitão tricolor, pelo zagueiro Ernesto Paranhos. Naquela época, barrar um atacante por um defensor era quase um insulto. Borgerth contava com o apoio de boa parte do time. Mesmo assim, o Fluminense se sagrou campeão carioca por antecipação. Porém, no banquete em comemoração ao título, não compareceram Borgerth, Baena, Píndaro, Néri, Amarante, Galo, Orlando Mattos, Gustavo de Carvalho e Lawrence Andrews.

Borgerth, além de ser jogador do Fluminense, já patrocinava as guarnições de remo do Flamengo. Na noite de Natal de 1911, graças a ele, o Flamengo não apenas criou sua seção de futebol, mas todo um departamento de esportes terrestres, tornando-se o primeiro clube de regatas a fazê-lo. A partir de então, aqueles jogadores do Fluminense passaram a atuar pelo Flamengo. Esse evento foi a origem da lenda de que o Flamengo teria nascido do Fluminense — uma interpretação equivocada dos fatos.

Outro equívoco recorrente no clássico mais famoso do Brasil é a afirmação de que o Fluminense tem dez vitórias contra três do Flamengo em finais do Carioca. Lucas Camargo, no Urublog de Arthur Muhlenberg, detalha que esses números são falsos. Até o início dos anos 70, o Campeonato Carioca era disputado em pontos corridos, o que impossibilitava uma “final” como conhecemos hoje. Recomendo que leiam o texto de Lucas no Urublog para mais esclarecimentos.

Atenção: acreditar em tudo que a imprensa e os tricolores dizem é cair no conto do vigário. Como somos soberanos em tudo o que diz respeito ao futebol, eles se agarram a calúnias e informações distorcidas, provavelmente propagadas por um telefone sem fio que se estendeu por gerações. É por isso que sempre consulto fontes confiáveis para não cair em histórias mal contadas.

Sobre o jogo de domingo, encaro como mais uma decisão. Cada partida daqui para frente será uma batalha, e a emoção estará à flor da pele. É verdade que teremos desfalques importantes, mas acredito na vitória. Se nosso treinador não inventar e colocar o time para jogar como jogou contra o São Paulo, sairemos vencedores. Mesmo sem Ronaldinho, Airton e Willians, já passou da hora de Thiago Neves protagonizar uma grande atuação, à altura do investimento que o Flamengo está disposto a fazer para adquirir seus direitos.

A torcida, como sempre, está fazendo a sua parte. Até quinta-feira, dos pouco mais de 11 mil ingressos vendidos, 10 mil foram comprados pela Nação Rubro-Negra. Isso mostra o desejo da torcida de abraçar o time, mas os jogadores precisam mostrar em campo que merecem esse abraço.

Depois de esclarecer quem realmente nasceu primeiro, é importante lembrar ao nosso rival que, além de sermos o irmão mais velho, somos inapelavelmente melhores. E no domingo, não daremos mole para mal informados. Basta o Manto Sagrado negro e encarnado para que tudo o mais seja o resto, e a vitória seja apenas mais um capítulo incontestável da nossa honrosa história.

SRN!

Tulio Rodrigues

Fonte de consulta: Livro O Vermelho e o Negro, de Ruy Castro.

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