O Flamengo apresentou, na noite de terça-feira (23), um retrato financeiro e institucional que ajuda a entender por que o clube passou a operar em outro patamar no futebol brasileiro. Diante de conselheiros e com transmissão oficial, o presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, detalhou números que mostram metas alcançadas cinco anos antes do previsto, crescimento expressivo com a Adidas e uma guinada clara na comunicação e no uso das redes sociais como fonte de receita.
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O planejamento original previa resultados graduais até o fim da década. O que se viu, porém, foi uma antecipação rara mesmo para padrões internacionais. No campo esportivo, as projeções orçamentárias foram superadas. O Flamengo terminou o Brasileirão acima da colocação prevista e transformou a semifinal de Libertadores orçada em título continental. Esses resultados impactaram diretamente o balanço financeiro, que fechou 2024 com receita total de R$ 2,1 bilhões, quando a meta inicial era de R$ 1,6 bilhão.
A margem de EBITDA, indicador que mede a saúde operacional de uma organização, ficou em 32%, praticamente em linha com os 33% projetados, mas muito acima do histórico recente do futebol nacional. O caixa livre encerrou o período em R$ 218 milhões, superando com folga os R$ 161 milhões estimados no planejamento. Para efeito de comparação, em 2024 essa mesma margem havia sido de 22,9%, o que ajuda a dimensionar o salto de eficiência.
O ponto que mais chamou atenção na apresentação, porém, veio do varejo e do licenciamento. Segundo Bap, 2025 marcou o melhor resultado da história da parceria com a Adidas. O clube alcançou R$ 88 milhões em faturamento apenas com produtos oficiais, crescimento de 21% em relação ao ano anterior. O terceiro uniforme se tornou o maior lançamento de camisas já registrado pelo Flamengo, acompanhado por itens fora do padrão tradicional, como o casaco creme brûlée, vendido em edição limitada e esgotado em minutos, mesmo com preço elevado.
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“O Flamengo é o maior em todas as classes sociais”, afirmou o presidente, ao comentar a quebra de um paradigma antigo, segundo o qual produtos premium não teriam aderência entre torcedores. A projeção conservadora para 2026 aponta R$ 95 milhões em vendas com a Adidas, mas a própria diretoria admite que o número pode ser superado caso o ritmo atual se mantenha.
Esse desempenho não se limita à fornecedora de material esportivo. Marcas como Braziline, Starter, Reserva e outras licenciadas seguem ampliando o portfólio rubro-negro, pagando royalties e reforçando a estratégia de diversificação de receitas, um dos pilares do atual modelo de gestão.
Outro eixo central da apresentação foi a comunicação. Pela primeira vez, o Flamengo tratou o conteúdo digital como ativo estruturante. Em 2025, o clube arrecadou R$ 2,5 milhões com comunicação e produção de conteúdo, crescimento de 433% na comparação com 2024. A previsão para a próxima temporada é dobrar esse valor e atingir R$ 5 milhões.
Os números de audiência ajudam a explicar o otimismo. O Flamengo é hoje o clube mais buscado do mundo no TikTok, lidera em seguidores nas Américas no Instagram, ocupa o primeiro lugar em interações no X (antigo Twitter) e viu a Flamengo TV alcançar a 12ª posição global, subindo sete degraus em um ano. São 84 milhões de inscritos somados nas plataformas, o que, segundo Bap, coloca o clube como a maior potência digital de entretenimento esportivo das Américas.
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“O desafio agora é monetizar”, resumiu o presidente. Para isso, o Flamengo investiu pesado em estrutura. O clube passa a operar com três estúdios próprios de geração de conteúdo: na Gávea, no Maracanã e no CT, este último com reinauguração prevista para janeiro. A aposta é que, em cinco anos, a receita vinda de conteúdo supere, inclusive, os direitos de transmissão tradicionais.
A apresentação deixou claro que Adidas, comunicação e redes sociais não são assuntos isolados. Fazem parte de um mesmo movimento: transformar marca, audiência e planejamento em ativos permanentes, menos dependentes de resultados pontuais dentro de campo. Ao antecipar metas em cinco anos, o Flamengo não apenas revisa números, mas redefine o próprio horizonte de crescimento.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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