Lançamento oficial da camisa do Flamengo Diamantes Negros: herança, Sankofa e identidade rubro-negra
Flamengo e Braziline lançaram nesta sexta-feira (21), na loja oficial da Gávea, a linha especial Diamantes Negros, peças criadas para celebrar o Dia da Consciência Negra e reforçar a memória de atletas que moldaram a história do clube. O evento reuniu torcedores, dirigentes, representantes do patrimônio histórico e artistas ligados ao projeto. Entre eles estavam Marcelo Rocha, gerente de licenciamento responsável pelo conceito da ação, e o cantor Arlindinho, autor da música-tema “Nossa Herança”. Ambos explicaram como o Flamengo transformou ancestralidade, identidade e legado em uma campanha que busca dialogar com a negritude brasileira e com as novas gerações.
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A construção da camisa começou meses atrás, quando o departamento de patrimônio histórico apresentou ao licenciamento um conjunto de pesquisas sobre símbolos africanos presentes na diáspora. Dali surgiu o Sankofa, representado pelo pássaro que olha para trás, elemento que permite revisitar o passado sem deixar de caminhar adiante. Marcelo Rocha relatou que o processo se baseou justamente nesse ponto: “A gente tinha um compromisso enorme de superar o que fizemos no ano passado. O patrimônio histórico tem um conteúdo riquíssimo, e foi dessa base que apareceu a ideia de representar o sankofa”.
O gerente explicou que o clube queria manter a linha cultural adotada recentemente, mas buscando outra profundidade. No ano anterior, o Flamengo havia trabalhado com a estética “Identidade” e contou com a participação de Jorge Aragão. Desta vez, era necessário algo que dialogasse com música, memória e continuidade. Foi assim que o nome de Arlindinho, herdeiro artístico de Arlindo Cruz, entrou na conversa. “A gente seguiu a pegada cultural e trouxe alguém que representasse essa conexão entre gerações. O Arlindinho é herança de um pai maravilhoso que o Brasil inteiro conhece”, afirmou Marcelo.
A presença do cantor deu ao projeto uma camada simbólica própria. Arlindinho escreveu a canção “Nossa Herança” ao lado de outros compositores, e contou que a criação foi natural. Rubro-negro de berço, disse que a melodia nasceu como nasce o samba: com lembrança, intuição e um certo inevitável sentimento familiar. “Sou rubro-negro, então fica mais fácil. A gente foi criando ali uma história, uma melodia… e tem muito do meu pai nessa música. Recebi a bênção dele lá de cima”, explicou.
A temática do legado aparece tanto na letra quanto no conceito gráfico da camisa. A estampa ecoa formas da arte de matriz africana e dialoga com o pássaro que busca no passado a sabedoria para construir o amanhã. Para Arlindinho, essa escolha reforça o papel social do clube. “O Flamengo traz luz para essa situação e é um prazer representar nossa raça. O Flamengo é time do povo, respeita o pobre, o preto, o favelado. A gente quer reparação histórica e nossos diamantes negros mostram isso.”
CASO PREFIRA OUVIR:
A campanha deste ano se soma às iniciativas que o clube vem ampliando, quando ações antirracistas passaram a ocupar mais espaço no calendário institucional. O lançamento também ocorre no contexto dos 130 anos do Flamengo, marco que reforça a necessidade de olhar para sua própria trajetória.
No evento na Gávea, o público pôde ouvir trechos da música-tema e conferir de perto a camisa nas versões masculina, feminina e infantil. A peça já nasce carregada de simbolismo, mas sobretudo de intenção: afirmar que a história rubro-negra é também uma história negra, construída por ídolos como Leônidas, Zizinho, Jarbas, Nonô, Érica, Adílio, Adriano, Vini Jr., Isaquias e Rebeca. Arlindinho resumiu o espírito da campanha: “Saber de onde viemos para chegar onde queremos. Essa é nossa herança rubro-negra”.
VEJA MAIS:
O Flamengo dá sequência ao ciclo de ações voltadas ao Dia da Consciência Negra e reforça a importância de manter o tema vivo durante todo o ano. A criação da linha Diamantes Negros, com música própria, conceito histórico e ligação direta com artistas da cultura afro-brasileira, reforça um movimento que busca transformar memória em presença, e identidade em prática.
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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