Libra se cala sobre acusação de fraudes, ataca o Flamengo e defende advogado do Palmeiras em nota

Libra se cala sobre acusação de fraudes, ataca o Flamengo e defende advogado do Palmeiras em nota
Foto: Reprodução/X-André Sica

A Libra divulgou nesta quarta (15) uma nota oficial em tom de defesa ao advogado André Sica, que representa o departamento jurídico da entidade e é conhecido por atuar também para o Palmeiras. O texto, extenso e carregado de adjetivos, rebateu as críticas feitas por Luiz Eduardo Baptista, o Bap, presidente do Flamengo, em entrevista recente ao jornalista Rodrigo Mattos, do UOL. O dirigente rubro-negro havia questionado o conflito de interesses dentro da Libra e o papel de Sica em meio às disputas judiciais e políticas que envolvem a liga.


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O comunicado da Libra foi publicado dias após o Flamengo reiterar em reunião no Conselho Deliberativo acusações de fraude em atas e irregularidades em votações internas. Curiosamente, a entidade se manteve em silêncio sobre as denúncias, mas agiu com rapidez para defender o advogado palmeirense, a quem classificou como “profissional de reputação reconhecida” e alvo de “ataques mesquinhos”.

No documento, a Libra acusa o presidente do Flamengo de “descontrole” e “irresponsabilidade”, afirmando que suas declarações teriam sido “negligentes” e “oportunistas”, com o intuito de “jogar para a torcida”. A nota sustenta que todos os profissionais da liga “trabalham de forma ética e transparente” e que Sica, em especial, “atua com profundo conhecimento e dedicação ao futebol brasileiro”.

As críticas de Bap têm origem em um tema sensível: o envolvimento direto de André Sica, advogado de confiança da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, nos assuntos jurídicos da Libra. O dirigente flamenguista questiona como um profissional vinculado a um dos clubes mais influentes do grupo pode, ao mesmo tempo, representar a entidade que deveria agir de maneira neutra em disputas entre associados.

Para Bap, há um evidente conflito de interesses. Ele afirmou que “a Libra é verde”, numa alusão às cores do Palmeiras e à predominância de decisões que, segundo ele, beneficiariam o clube paulista. A resposta da liga, contudo, concentrou-se mais em atacar o tom do presidente rubro-negro do que em esclarecer a suposta interferência palmeirense nos rumos da associação.

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O episódio ocorre em meio à pior crise da Libra desde sua fundação. O Flamengo entrou na Justiça alegando que a entidade fraudou atas e votações para aprovar o critério de distribuição de receitas dos direitos de transmissão. O clube conseguiu liminar favorável, que segue válida, e acusa a Libra de ter instruído a Globo a realizar pagamentos aos clubes mesmo antes da aprovação formal dos critérios de rateio.

O contraste entre o silêncio da liga diante das acusações de fraude e sua prontidão em defender o advogado palmeirense causou reação imediata entre dirigentes e torcedores. A entidade é acusada de crimes graves e não responde. Mas quando se trata de proteger um dos seus, correu para publicar nota.

De fato, a Libra não se manifestou quando Leila Pereira, presidente do Palmeiras, sugeriu a criação de uma liga “sem o Flamengo”. Tampouco houve qualquer defesa pública do clube carioca quando outros dirigentes, como o presidente do Grêmio, Alberto Guerra, adotaram tom provocativo ao tratar da disputa.

A nota da Libra reforça o argumento de que a entidade não age com isenção e privilegia os interesses de clubes alinhados ao Palmeiras. O processo judicial que o clube move questiona justamente essa falta de equidade e aponta manipulação na condução das votações internas.

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Em sua nota, a Libra insistiu que o estatuto foi aprovado de forma “transparente, colaborativa e equânime”, com participação de todos os associados, incluindo o Flamengo. A entidade também argumentou que “as divergências atuais surgiram apenas com a nova gestão rubro-negra”, tentando atribuir o conflito ao estilo de Bap.

O Flamengo, por outro lado, sustenta que jamais contestou o estatuto em si, mas o descumprimento do anexo que define os critérios de distribuição de receitas. Segundo o clube, a Libra ignorou alertas feitos ainda em 2024 sobre a necessidade de complementar o artigo 51 e mesmo assim orientou a emissora parceira a efetuar pagamentos sem o devido respaldo estatutário.

A polêmica reacende o debate sobre a viabilidade de uma liga unificada no país. A Libra e a Liga Forte União surgiram com a promessa de modernizar o futebol brasileiro, mas hoje estão imersas em divergências políticas e pessoais. O racha entre os clubes, agravado pela troca de farpas entre dirigentes, afasta o sonho de uma estrutura de gestão profissional inspirada na Premier League.

Enquanto isso, as decisões seguem travadas nos tribunais e nas redes sociais. O presidente do Flamengo, conhecido por seu estilo direto, tem dito que “não há clima de confiança” para negociações internas enquanto persistirem suspeitas de fraude e favorecimento.

A Libra, por sua vez, tenta sustentar a narrativa de que “atua com equilíbrio e transparência”. Mas o episódio desta semana mostrou que, quando o assunto envolve o advogado ligado ao Palmeiras, a pressa em reagir é bem maior do que quando se trata de responder às acusações que realmente ameaçam sua credibilidade.

No fim, o futebol brasileiro assiste à ironia de uma liga que se cala diante de denúncias graves, mas levanta a voz para proteger quem está no centro de um conflito ético. Uma postura que, mais do que esclarecer, apenas reforça a imagem de uma entidade dominada por interesses particulares, e cada vez mais distante da neutralidade que prometeu quando nasceu.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

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Tulio Rodrigues

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