O preço a pagar pelo profissionalismo

Tulio Rodrigues

Em seus primeiros dias de trabalho, a nova diretoria enfrentou intensa pressão por contratações. As cobranças vinham de todos os lados da torcida rubro-negra. Wallim Vasconcellos, o novo vice-presidente de futebol, chegou a conceder uma coletiva afirmando que o Flamengo não entraria em leilões. Segundo ele, o clube agora teria uma postura diferente.

Essa semana trouxe um alívio para a torcida. Após o anúncio do pagamento de salários atrasados, foram oficializadas, quase que simultaneamente, as contratações do volante Elias, do meia Gabriel e do lateral João Paulo. Como esperado pela torcida, os anúncios foram feitos diretamente pelo site oficial do clube, sem qualquer vazamento prévio. Um verdadeiro show de profissionalismo, do jeito que a Nação queria.

No entanto, o sábado trouxe uma notícia inesperada: Vagner Love está fora do Flamengo. A informação chegou de forma seca, sem muitos detalhes iniciais. Depois, os motivos ficaram claros, ou melhor, o motivo: financeiro. O contrato firmado entre Flamengo e Vagner Love era milionário e, desde que o clube iniciou negociações com a Adidas, a Olympikus deixou de pagar sua parte no salário do atacante. O Flamengo acumulava cinco meses de direitos de imagem atrasados e havia quitado apenas uma de seis parcelas que somavam R$ 27 milhões. Até o momento, o Flamengo pagou € 4 milhões ao CSKA, o que equivale a R$ 10,8 milhões, mas ainda restavam € 6 milhões, cerca de R$ 16,2 milhões. O CSKA propôs perdoar a dívida caso Love retornasse ao clube russo.

O salário do atacante também era elevado, estimado entre R$ 700 mil e R$ 800 mil, embora os valores exatos nunca tenham sido confirmados. A atual diretoria tentou negociar uma redução salarial, mas Love não aceitou e optou por voltar ao CSKA. Uma parte da torcida não gostou da decisão. Apesar de não ser unanimidade, Vagner Love ainda era muito superior aos atacantes disponíveis no elenco.

No entanto, é preciso reconhecer que manter um jogador sem condições financeiras para arcar com seus custos é insustentável. É hora de dar fim à irresponsabilidade e à fama de mau pagador que o Flamengo construiu nos últimos anos. Se desejamos um clube com gestão profissional, a nova diretoria já dá sinais promissores, mesmo em seus primeiros passos. Não defendo cegamente a decisão, mas considero que, se foi baseada no custo-benefício e na necessidade de honrar compromissos financeiros, ela tem justificativa. Vagner Love representava um investimento sem retorno à altura.

Não tenho dúvidas de que, caso Patrícia Amorim tivesse sido reeleita, Love permaneceria. Afinal, sua gestão foi marcada pela irresponsabilidade. O caso Ronaldinho é emblemático: quando a Traffic abandonou a parceria e deixou de pagar sua parte no salário do jogador, era o momento de renegociar o contrato. Em vez disso, Patrícia ampliou os valores oferecidos, e todos sabemos como essa história terminou. O caso de Vagner Love poderia trilhar um caminho semelhante.

Tudo na vida tem um preço, e o Flamengo precisará pagar alguns custos para sua reestruturação e adoção de uma filosofia profissional. Eu, pessoalmente, estou cansado de comprar ilusões. Mas essa é apenas a minha opinião.

Se perder Vagner Love é o preço a pagar pelo profissionalismo e pelo fim da fanfarronice, aceito isso com a maior tranquilidade.

Sejam bem-vindos, Elias, Gabriel e João Paulo! Vá em paz, Vagner Love!

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