Eu não tive a oportunidade de vê-lo jogar, mas desde que me entendo por gente, sempre associei o Zico ao Flamengo, como se um não existisse sem o outro. Sempre o tive como ídolo e sempre nutri por ele uma grande admiração.
Quando eu tinha uns 11 anos, o meu tio César, grande Rubro-Negro, me deu um VHS sob o título: “Os mais belos gols de Zico”. Eu devo ter assistido àquela fita um milhão de vezes; via todo dia, a toda hora… A fita se perdeu, mas aqueles gols, a comemoração do Zico com o braço direito erguido correndo para a torcida do Fla, nunca saíram de mim. Essas imagens ficaram impregnadas na minha alma, no meu coração…
Eu tenho um DVD do Flamengo chamado “Heróis de uma Nação”. Esse DVD conta a história daquele time dos anos 80 que ganhou tudo. Eu faço com ele quase a mesma coisa que fazia com o VHS do Zico; assisto sempre. No DVD, há comentários de Roberto Assaf, Renato Maurício Prado, etc. O Assaf conta que, quando Zico pegava na bola, o narrador Jorge Curi falava: “– Zico com a bola. Escraviza a pelota!” O Zico tinha esse poder e habilidade para fazer da bola o que quisesse, pois ele a tratava tão bem que ela permitia ser escrava dele.
Para mim, o Zico é o Flamengo que deu certo! O eterno camisa 10 da Gávea! Eu queria ter ido ao Maracanã e ter entoado junto com a torcida o canto: “Ei, ei, ei, o Zico é o nosso Rei!” Mas, infelizmente, não tive essa grande oportunidade.
Parabéns, Zico! Obrigado por tudo! Que a vida lhe permita tudo o que desejar e muita paz! Um ídolo como você estará para sempre eternizado no coração dos Rubro-Negros, não importando o tempo, a idade, nada… Pois você é o sinônimo do Flamengo que deu certo!
Li esse texto de uma entrevista do Zico e não tem como não se emocionar:
“Certa vez me perguntaram por que eu havia escolhido o Flamengo para torcer. Respondi que não era eu quem tinha escolhido o Flamengo, mas sim o Flamengo que tinha me escolhido. Com um olhar confuso, me pediu que explicasse esse negócio do ‘Flamengo ter me escolhido’. Simples – eu falei – cada um pode escolher o time que vai torcer, mas não quando esse clube é o Flamengo. Ninguém escolhe ser Flamenguista, o Flamengo é que escolhe a pessoa, joga sobre ela um encanto de proporções inimagináveis e a abençoa com a dádiva de uma paixão infinita. O escolhido, em gratidão, espalha as glórias do Rubro-Negro aos quatro cantos, não abandona o manto nem mesmo quando está na pior, sujo de lama. Está sempre presente festejando junto nos momentos de alegria e, como um verdadeiro amigo, não desaparece nas horas difíceis. Ser Flamenguista é ser escolhido para a emoção, ser tocado pela grandeza!” Zico.
Tulio Rodrigues!
SRN
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Tudo sobre Zico
Arthur Antunes Coimbra, mais conhecido como Zico (Rio de Janeiro, 3 de Março de 1953), foi um dos maiores jogadores de futebol do Brasil e do mundo. Se notabilizou mundialmente a partir da conquista da Copa Libertadores da América e do Mundial Interclubes pela equipe carioca do Flamengo, bem como por suas participações pela seleção brasileira nas Copas de 1982 (Espanha) e 1986 (México). Depois de sua aposentadoria dos gramados Zico ser tornou treinador e treinou à Seleção Japonesa de futebol na Copa do Mundo da Alemanha em 2006, o Fenerbahçe da Turquia, o CSKA Moscou da Russia, Bunyodkor do Uzbequistão e o Olympiacos da Grécia.
Biografia
É considerado por muitos especialistas, profissionais do esporte e, em especial, os torcedores do Flamengo, o maior jogador brasileiro e o maior jogador da história do mundo. Atuou no Flamengo durante a maior parte de sua carreira, entre 1967 e 1989, com uma interrupção entre 1983 e 1985, período em que esteve na Itália, jogando pela Udinese. Não são poucos, também, os que o consideram como o melhor jogador de futebol dos anos 80.
No Flamengo, Zico liderou a conquista de quatro (4) títulos nacionais, em 1980, 1982, 1983 e 1987, da Copa Libertadores da América e do Mundial Interclubes, em 1981, dentre diversos outros títulos, no período chamado de “Era Zico”. Por conta disso, é até hoje o maior ídolo da torcida do Flamengo.
No Mundial Interclubes de 1981, o título mais importante do Flamengo, Zico e toda a equipe tiveram uma exibição primorosa contra o Liverpool, considerado pela imprensa o “time europeu da década”, tendo Ligas dos Campeões da UEFA. Ao ser indagado sobre o favoritismo dos britânicos, Zico teria dito: “eles são favoritos sim, mas para o segundo lugar, o que é até muito honroso”.
Além de ser conhecido mundialmente por seu apelido, Zico, ele também é conhecido por outros apelidos, como: Galinho de Quintino, White Pelé (Pelé Branco), Deus do Futebol no Japão e Rei Artur na Turquia.
No dia 30 de Maio de 2010, em reunião realizada no Centro de Futebol Zico, no Recreio dos Bandeirantes, o eterno camisa 10 da Gávea e a presidente Patrícia Amorim chegaram a um acordo para que o Galinho assuma o cargo de Diretor Executivo de Futebol do Flamengo.
Tem uma esposa, Sandra, com quem teve três filhos: Júnior, Bruno e Tiago. Mede 1,72 cm, e pesa 72 kg.
Carreira
Flamengo
O início de sua carreira
Zico jogava num pequeno time de futebol de salão formado por amigos e familiares, o Juventude de Quintino, do bairro de Quintino Bocaiúva, na zona norte do Rio de Janeiro. Além do Juventude, ele passou a praticar o esporte conhecido hoje como futsal no River Futebol Clube, tradicional clube da Piedade, onde um dos professores era Joaquim Pedro da Luz Filho, Seu Quinzinho.
No River, seu futebol ainda menino chamou a atenção. Mas seu primeiro clube de futebol de campo foi o Flamengo, para onde se transferiu aos catorze anos de idade, quando em 1967 o radialista Celso Garcia, amigo da família, assistiu uma partida de Zico em um torneio no River Futebol Clube, onde jogava com a camisa do Santos, e o levou para a escolinha de futebol do clube.
Zico só estreou no time principal em 1971, em uma partida contra o Vasco da Gama, cujo placar terminou 2 a 1 para o time rubronegro, em que o debutante deu o passe para Fio Maravilha marcar o gol da vitória. Zico só foi se firmar como titular na equipe em 1974, depois de passar por uma intensa preparação física que incluía dedicação de boa parte de seu dia, desde quando chegou ao clube, em 1967 (quando ainda estava na escola), a um trabalho de fortalecimento muscular, devido ao corpo antes franzino. E devido ao seu franzino corpo de início de carreira e de seu bairro de origem (Quintino) ganhou o carinhoso apelido de “Galinho de Quintino”.
Ainda atuando pelo time juvenil, participou de duas partidas pela equipe principal do Flamengo no Campeonato Carioca de 1972, o bastante para conquistar seu primeiro título como profissional. Ainda demoraria, entretanto, dois anos para firmar-se no elenco e enterrar a imagem de um jogador de físico fraco, que sucumbia à primeira pancada dos adversários. Após esses dois anos, em 1974 (quando também recebeu a camisa 10), começava a demonstrar futebol empolgante, com dribles, lançamentos e arrancadas fulminantes em direção ao gol e também a habilidade que lhe caracterizaria, a de cobrar milimetricamente as faltas que batia.
Neste ano, conquistou seu segundo Carioca pelo Flamengo, o primeiro como titular e camisa 10, liderando uma equipe jovem em decisões contra as equipes mais experientes de Vasco e América (onde há época jogava seu irmão Edu). No Campeonato Brasileiro, recebeu sua primeira Bola de Ouro da Revista Placar, eleito pela publicação o melhor jogador do campeonato.
Nos três anos seguintes, entretanto, Zico viu rivais comemorarem o título estadual: o Fluminense de Rivellino foi bicampeão em 1975 e 1976 e, mais dolorosamente, o Vasco levou a taça em 1977 após decisão por pênaltis contra o Flamengo, em que Zico, tendo a chance de dar o título a seu clube se convertesse sua cobrança, perdeu. A série de pênaltis prosseguiria e terminaria em vitória vascaína..
A “Era Zico”
A partir de 1978, entretanto, o Flamengo ingressaria em um período áureo sob o comando em campo de Zico. Com um futebol quase perfeito, só possível de ser parado com violência, Zico conquistou um tricampeonato carioca, o terceiro do clube, nas edições daquele ano com as duas realizadas em 1979, mesmo ano em que o time conquistaria o prestigiado torneio amistoso Ramón de Carranza, com destaque para a vitória por 2 x 1, em que ele marcou um dos gols, sobre o Barcelona de Johan Neeskens, Allan Simonsen, Hans Krankl e Carles Rexach. Em 1979 ele também marcou seu 245º gol, em partida contra o Goytacaz, superando Dida como o maior artilheiro da história do Flamengo.
No ano seguinte, viria finalmente o inédito título no Campeonato Brasileiro. As finais foram contra o Atlético Mineiro de Reinaldo, Toninho Cerezo e Éder. Contundido, Zico não jogou a primeira partida, em que os alvinegros venceram, no Mineirão, por 1 x 0. Voltou ao time no jogo de volta, no Maracanã, tendo dado passe para o primeiro gol e marcando o segundo do Flamengo na vitória por 3 x 2 que lhe deram pela primeira vez às suas mãos a taça de campeão nacional. Ainda em 1980, Zico conquistaria com o Flamengo outros dois torneios amistosos europeus: o Torneio Astúrias e Algarve, com vitórias sobre Real Sociedad e Spartak Sófia; e um bi no Ramón de Carranza, passando por Dínamo Tbilisi e Real Betis.
Com o título nacional, o clube credenciou-se pela primeira vez para disputar a Taça Libertadores da América. Na fase de grupos, o Flamengo teve que novamente superar o Atlético, em partida-desempate marcada pela expulsão de cinco jogadores do adversário, o que deu a vitória aos rubronegros após apenas dez minutos de jogo. O time chegou à decisão, onde enfrentaria os chilenos do Cobreloa. Zico marcou os dois gols na vitória por 2 x 1 na partida de ida, no Maracanã. A de volta, no Chile, foi marcada pela enorme violência dos rivais, especialmente de seu zagueiro Mario Soto, que agrediu com um anel afiado os flamenguistas Andrade e Lico. Os chilenos venceram por 1 x 0 e, pelo regulamento da época, o troféu seria decidido em campo neutro, que foi em Montevidéu, no Estádio Centenário. Zico novamente marcou os dois gols da vitória, dessa vez de 2 x 0, o segundo deles, a dez minutos do fim, em uma de suas mais inesquecíveis cobranças de falta.
O título continental foi seguido por mais um Carioca, sobre os rivais do Vasco, em partida dedicada ao técnico Cláudio Coutinho, falecido antes do primeiro jogo da decisão. O Campeonato Carioca já havia reservado a alegria de ter imposto uma goleada de 6 x 0 sobre o Botafogo, devolvendo uma derrota de nove anos antes que ainda ressoava entre as duas torcidas. O ano mágico de 1981 terminava da melhor forma possível: da decisão estadual, o time foi para Tóquio enfrentar os britânicos do Liverpool no Mundial Interclubes.
A equipe inglesa era amplamente favorita: nos últimos oito anos, havia conquistado cinco vezes o campeonato inglês, uma Copa da UEFA e três Liga dos Campeões da UEFA, possuindo um elenco de respeitados jogadores das Seleções Inglesa e Escocesa, que não deixaram de fitar com superioridade os brasileiros no vestiário, antes da partida. O título mundial, que até então só havia vindo ao Brasil por meio do Santos de Pelé, foi conquistado após exibição primorosa do Flamengo, que venceu por 3 x 0. Os três gols, marcados todos ainda no primeiro tempo, saíram de jogadas de Zico: no primeiro e no terceiro, por assistência direta a Nunes e, no segundo, marcado por Adílio, após cobrança de falta do Galinho rebatida pelo goleiro adversário Bruce Grobbelaar. Eleito o melhor em campo mesmo sem ter marcado, recebeu como premiação individual um cobiçado carro esporte da patrocinadora da partida, a Toyota. Ainda antes da partida, ao ser indagado sobre o favoritismo dos britânicos, teria dito: “eles são favoritos sim, mas para o segundo lugar, o que é até muito honroso”. Durante ela, desesperado, o goleiro Grobbelaar gritava ao zagueiro e capitão Phil Thompson: “Joga o Zico para longe, Thompson, joga o Zico para longe, em nome de Deus!”. Após, o técnico adversário, Bob Paisley, declarou: “Vocês jogam um jogo que desconhecemos. Vocês dançam, isso devia ser proibido”.
A Era de Ouro no Flamengo prosseguiu no ano seguinte, em que o clube conquistou o único título que faltara em 1981, o Campeonato Brasileiro, em campanha destacada por vitórias fora de casa, mais uma resposta às críticas de que o time (e Zico) só jogavam bem no Maracanã: dois 4 x 3, sobre Náutico e São Paulo; dois 3 x 2 sobre o Internacional e Guarani – nesta partida, Zico marcou os três gols da vitória. Para completar, A taça também foi conquistada fora de casa, contra o Grêmio, em vitória por 1 x 0 com nova assistência de Zico a Nunes. O Galinho já havia sido heroi no primeiro jogo da decisão, marcando um gol de trivela no canto esquerdo de Emerson Leão, empatando uma partida em casa que já estava acabando.
Em 1983, o Flamengo igualava-se aos gaúchos do Internacional como maior vencedor do Brasileirão, conquistando seu terceiro título. O sabor foi mais especial por ter eliminado no caminho o Vasco, nas quartas-de-final, com Zico marcando o gol do empate (que garantia a classificação flamenguista) aos 44 minutos do segundo tempo. As finais foram contra o Santos. Os paulistas, que aspiravam a seu primeiro título no torneio, haviam vencido o jogo de ida por 2 x 1. Na volta, jogando machucado, Zico ruiu o sonho santista ao marcar antes do primeiro minuto, em partida terminada em vitória rubronegra por 3 x 0. Zico ergueu a taça consciente de que seria sua até então última partida pelo Flamengo: embora ainda não divulgada a transferência, o Galinho já sabia se sua venda para a equipe italiana da Udinese, em transferência já acertada um mês antes da decisão e mantida em sigilo para eventuais protestos da torcida não atrapalharem a caminhada rumo ao título.
Volta
Após duas temporadas na Itália, Zico voltou no segundo semestre de 1985 ao time do coração. Os festejos, entretanto, deram lugar à agonia pouco depois, após sofrer falta desleal de Márcio Nunes, em partida contra o Bangu. A pancada devastou suas pernas: Zico teve torções nos dois joelhos e no tornozelo esquerdo, contusão na cabeça do perônio esquerdo e profundas escoriações na perna direita. Teve de se submeter a três cirurgias no joelho esquerdo e a longo período de recuperações devido as consequentes problemas musculares. Só optou por elas pois teria de encerrar a carreira se não as fizesse.
“Decidi tentar, pois não admitia a ideia de ser obrigado a abandonar os campos. Queria um dia parar com o futebol e não o futebol parar comigo”, declarou Zico que, em virtude da recuperação, teve a curvatura da perna esquerda alterada, tendo de alterar também a sua forma de pisar. Havia também a motivação extra pela realização de nova Copa do Mundo, no ano seguinte. Para voltar a jogar, teve de suportar até oito horas diárias na sala de musculação da Gávea, lutando para conseguir novos centímetros para a perna esquerda, que sofrera atrofia.
A resposta aos que já o consideravam ex-jogador veio em fevereiro de 1986, às vésperas da Copa: contra o rival Fluminense, Zico marcou três gols – um de falta – em vitória flamenguista por 4 x 1. No Flamengo, a recompensa viria com o título estadual naquele ano e, no seguinte, com o tetracampeonato brasileiro, conhecido como Copa União, já com ele tendo alterado seu estilo de jogo: substituiu seu ímpeto pela cadência, os dribles rumo ao gol por toques de primeira e lançamentos.
A taça de 1987 seria a última taça levantada pelo Galinho no Flamengo. Sua última partida profissional terminou da melhor forma: em inesquecível goleada de 5 x 0 sobre o Fluminense, em Juiz de Fora, em jogo em que Zico não poupou dribles, lançamentos e um novo inesquecível gol de sua especialidade: “Era tudo o que queria. Terminar com um gol e justo do jeito que eu mais gosto: de falta”.
Seleção Brasileira
Atuou pela seleção brasileira de futebol de 1976 à 1986, tendo marcado 66 gols em 89 partidas e perdido uma única partida no tempo normal de jogo, contra a Itália, no estádio do Sarriá, na Copa da Espanha, em 1982. Participou ainda das Copas do Mundo de 1978, e 1986.
Sua estréia na seleção ocorreu numa excursão na qual o Brasil enfrentou países sul-americanos. Fez belos gols de falta e assumiu a condição de maior esperança do Brasil após o término da carreira de Pelé. Sua participação na Copa de 1978, contudo, foi curta, tendo sido encerrada logo na primeira fase após sofrer uma grave contusão muscular, contra a Polônia.
Seu auge foi na Copa de 1982, mas acabou vendo frustada mais uma vez a sua vontade de ganhar uma Copa, quando o Brasil foi eliminado pela Itália. Marcado de perto pelo zagueiro Claudio Gentile, o Galinho chegou a ter sua camisa rasgada em um puxão dado pelo italiano dentro da grande área, mas o árbitro incrivelmente ignorou o lance e não marcou pênalti.
Na sua última chance de ser campeão de uma copa como jogador, em 1986, Zico acabou sendo responsabilizado pela desclassificação de sua equipe diante da França, nas quartas-de-final do torneio. Na sua segunda partida na Copa, Zico fez um lançamento preciso e milimétrico para o jogador Branco, que foi derrubado dentro da grande-área, tendo o juiz marcado penalidade máxima. Zico, cobrador oficial de pênaltis da seleção, teve o pênalti defendido pelo goleiro Batts no tempo normal de jogo, que acabou empatado em 1 a 1. Ele converteu sua cobrança na decisão por penalidades, mas a França venceu por 4 a 3. Os jogadores Michel Platini, pela França, e Sócrates e Júlio César, pelo Brasil, erraram suas cobranças.
Pela Seleção Pré Olímpica, Zico foi durante o torneio classificatório para as Olímpiadas, um dos destaques da Seleção. Inclusive fez o gol da classificação, porém foi de maneira suspeita cortado dos Jogos.
Na Copa do Mundo de 1990, o técnico Sebastião Lazaroni chegou a conversar com Zico se o jogador não poderia repensar a sua decisão de não disputar a Copa. Com outros planos, o Galinho optou por não jogar.
Udinese
Quando Zico chegou na Udinese, seu futebol de craque e o exemplo de humildade, de simplicidade levaram a redescobrir o charme discreto e a humanidade de Udine. Suas qualidades deram status e vida a uma cidade quieta e silenciosa demais. Quem sintetizou de forma mais aprimorada a grande metamorfose operada por ele foi o jornalista italiano, do “Il Gazzettino de Veneza”, profissional encarregado de seguir os passos do Galinho, Luigi Maffei.
“Para nós, friulanos, Zico tem o mesmo significado de um motor da Ferrari colocado dentro de um fusca. Sentimo-nos os únicos no mundo a possuir um carro tão maravilhoso e absurdo”.
Muito impressionante foi a repercussão da contratação do craque pela Udinese: “ou Zico ou Áustria”.
Foi uma manifestação iniciada pela torcida do Udinese e por grande parte da população da cidade, em pé de guerra contra a realização dos dirigentes de Roma, que consideravam absurdo aprovar uma operação de US$ 4 milhões, a maior até então do futebol italiano, para a contratação de um jogador.
Era muito nítida a mensagem da torcida e da população: sem Zico, eles preferiam voltar sob o domínio austríaco, situação que existiu no Friuli até 1866. Essa ameaça separatista foi levada muito a sério pelo então presidente italiano, Sandro Pertini, que interveio a favor da contratação de Zico.
Na sua chegada, duas mil pessoas o esperavam. Parecia quase um papa acenando para a multidão. O que poucos sabem no Brasil, é que Zico marcou muitos (e belos) gols pela Udinese. Em uma temporada ficou apenas um gol atrás do artilheiro, o francês Michel Platini (da Juventus), que havia jogado seis partidas a mais que o Galinho.
Em uma sondagem realizada (11/2006) pelo jornal italiano La Repubblica, sobre os maiores jogadores brasileiros na Itália, Zico aparece em primeiro. A pesquisa aponta os 10 (dez) brasileiros que mais marcaram o futebol do país, são eles: Zico, Falcão, Kaká, Careca, Júnior, Ronaldo, Cerezo, Aldair, Cafu e Emerson.
A contusão
Zico retornou ao Flamengo em 1985, muito festejado pela torcida, mas, no mesmo ano, sua carreira sofreu o mais duro golpe. Em uma partida contra o Bangu, o jogador Márcio Nunes cometeu uma falta desleal, entrando com os dois pés no joelho esquerdo de Zico. A jogada rompeu os ligamentos cruzados do joelho do jogador, que teve que se submeter a diversas operações e, segundo ele, “aprender a andar de novo”. Mais tarde disse não guardar mágoas do zagueiro.
Política
De 1990 à 1991, durante o governo do Presidente Fernando Collor, foi Secretário Nacional de Esportes..
Japão
Em 1991, retornou ao futebol, para disputar o campeonato japonês. No Japão ele atuou pelo Sumitomo Metals e pelo clube originado deste, o atual Kashima Antlers, de 1991 a 1994.
Sua passagem no Japão, junto com outros jogadores famosos já aposentados ou em vias de se aposentar é hoje apontado como uma das maiores razões da popularização e profissionalização do futebol no país, que finalmente promoveria a primeira edição profissional do campeonato japonês em 1993. Na final, contra o Verdy Kawasaki (atual Tokyo Verdy), recebeu uma das raras expulsões na carreira, ao cuspir na bola por sua irritação com a atuação do árbitro, que estaria favorecendo o adversário (que acabou ficando com o título).[34] Os gols da finais, de qualquer forma, saíram de jogadores inspirados por Zico a jogar no recém-profissionalizado futebol nipônico: pelo Kashima, seu ex-colega Flamengo Alcindo; pelo Verdy, o ex-adversário de Vasco Bismarck e também Kazu, japonês que jogava no Brasil.
Zico aposentou-se após o término da segunda edição da J-League (Campeonato Japonês), com o Kashima ficando em terceiro na classificação geral. Mesmo não tendo conseguido taças no Japão, Zico ficou bastante reverenciado no país, que aprendeu a gostar de futebol muito por conta do carisma e atuações do veterano ídolo, que inclusive ganhou uma estátua em sua homenagem por lá.
O Galinho ganharia também uma bela estátua em sua homenagem. Zico é muito reverenciado no Japão, e outra prova disso, é o apelido carinhoso “God of Soccer” (Deus do Futebol).
Beach Soccer
Após deixar os gramados Zico continuou a jogar futebol, mas na areia. De volta ao Brasil, onde fundou o clube que leva o seu nome, o CFZ (Clube de Futebol Zico), participou pela Seleção Brasileira nos dois primeiros campeonatos mundiais do chamado Beach Soccer (1995 e 1996), sendo campeão em ambos e, no primeiro, também o artilheiro.
Treinador
Apesar de ter sido várias vezes convidado a assumir cargos no Flamengo, Zico nunca aceitou. Especula-se que isso se deva em grande parte aos rumos tomados pelas administrações do clube carioca, que desde a época de Zico vêm gradativamente acumulando dívidas e maus resultados. Já disse que nunca quer ser técnico do Flamengo para não manchar essa imagem maravilhosa que tem com a torcida.
Seleção Japonesa
A partir de Junho de 2002, passou a exercer o cargo de selecionador da Seleção Japonesa, sucedendo o francês Philippe Troussier, que treinara o país na Copa do Mundo daquele ano. Após eliminação na primeira fase na Copa das Confederações de 2003, Zico os nipônicos ao título na Copa da Ásia de 2004. Com o título continental, o Japão credenciou-se a disputar no ano seguinte a Copa das Confederações e, embora eliminado na fase de grupos, não fez feio, tendo ficado perto de eliminar a Seleção Brasileira nesta fase.
O Japão de Zico reencontraria o Brasil no ano seguinte, na Copa do Mundo de 2006, com nova eliminação na primeira fase e um futebol aquém do que se esperava. Zico afirmou que fez o melhor que pôde pela seleção japonesa e que não se arrependeu de nenhuma decisão que tomou.
Fenerbahçe
Após a Copa, Zico foi contratado para treinar a equipe turca do Fenerbahçe, ajudando a popularizá-lo no Brasil. Comandando um time cujo elenco contava com vários ex-jogadores do futebol brasileiro (Alex, Edu Dracena, Deivid, Fábio Luciano e, posteriormente, Roberto Carlos, além do naturalizado turco Gökçek Vederson, do uruguaio Diego Lugano e do chileno Claudio Maldonado), ganhou em sua primeira temporada o campeonato turco e, na seguinte, levou a equipe às quartas-de-finais da Liga dos Campeões da UEFA de 2007-2008, sendo esta a melhor participação de um clube da Turquia no principal torneio europeu de clubes.
Bunyodkor
Em 22 de Setembro de 2008, foi contratado para treinar a equipe Bunyodkor, do Uzbequistão, clube onde já jogava o astro Rivaldo, substituindo Mirjalol Qosimov, que assumira a Seleção Uzbeque.
Zico ficou apenas pouco mais de quatro meses como técnico do Bunyodkor, o suficiente para trazer mais mídia para o futebol local, para conquistar a Copa do Uzbequistão de 2008, em cima do rival Paxtakor e deixá-la na liderança do campeonato uzbeque, que o clube posteriormente também venceu. Além disso, o clube também chegou às semifinais da Liga dos Campeões da AFC.
CSKA Moscou
Em 9 de janeiro de 2009, anunciou a troca do Bunyodkor pelo CSKA Moscou, substituindo Valeriy Gazzayev. Estreou na fase decisiva da Copa da UEFA contra o Aston Villa e a equipe se classificou para as oitavas-de-final da competição após um empate em 1 a 1 na primeira partida e uma vitória por 2 a 0 no jogo de volta, em casa. Porém na fase seguinte, o seu clube foi eliminado pelo Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, e futuro campeão do torneio.
Em 10 de setembro foi demitido do clube.
Olympiacos
Em 16 de setembro, o Olympiacos anunciou sua contratação por dois anos. A decisão foi surpresa até para a família. Zico já assiste a partida contra o AZ Alkmaar, no Estádio Karaiskákis em Atenas, pela Liga dos Campeões da UEFA.
Em 19 de janeiro de 2010, o clube anunciou o “fim de sua cooperação com o treinador” em um breve comunicado no site oficial.
Dados
Nome Completo: Arthur Antunes Coimbra
Data de Nascimento: 3 de Março de 1953(3-Predefinição:Pad2digit-Predefinição:Pad2digit) (58 anos)
Cidade: Quintino, Rio de Janeiro (RJ)
Posição: Meio-de-Campo
Número de Gols: 509
Número de Jogos: 732, nos anos de 71 a 83 e de 85 a 90
1ºjogo: 29/07/1971 (Flamengo 2 X 1 Vasco da Gama)
Estatísticas nos clubes
Time
Número de Gols
Partidas
Média de Gols
Flamengo
509
732
0,70
Udinese
56
79
0,70
Sumitomo
27
31
0,87
Kashima Antlers
27
57
0,47
Seleção Brasileira
66
88
0,75
Seleção Brasileira de Masters
10
18
0,56
Outros
131
176
0,75
Total
826
1180
0,70
Estatísticas no Flamengo
Ano
Jogos
Gols Marcados
Assistências
Cartão Amarelo
Cartão Vermelho
1971
17
2
–
–
–
1972
8
0
–
–
–
1973
52
13
–
–
–
1974
64
49
–
–
–
1975
76
51
–
–
–
1976
72
56
–
–
–
1977
45
39
–
–
–
1978
34
26
–
–
–
1979
70
81
–
–
–
1980
53
47
–
–
–
1981
58
45
–
–
–
1982
56
48
–
–
–
1983
30
20
–
–
–
1985
13
7
–
–
–
1986
6
4
–
–
–
1987
18
6
–
–
–
1988
26
6
–
–
–
1989
33
9
–
–
–
1990
1
0
–
–
–
Total
732
509
–
–
–
Títulos
Como jogador
Flamengo
Mundial Interclubes: 1981
Copa Libertadores da América: 1981
Campeonato Brasileiro (4): 1980, 1982, 1983 e 1987
Campeonato Carioca (7): 1972, 1974, 1978, 1979 (Especial), 1979, 1981 e 1986