Os detalhes dos Muros da Gávea: Flamengo inaugura mural histórico de 274 metros em homenagem à Nação

Os detalhes dos Muros da Gávea: Flamengo inaugura mural histórico de 274 metros em homenagem à Nação
Foto: Léo José/Coluna do Fla

O Flamengo inaugurou neste sábado (15), na Rua Mário Ribeiro, na Lagoa, a exposição a céu aberto “Muros da Gávea – Ser Flamengo”, que transforma os 274 metros da sede social em um grande painel de memória, identidade e cultura rubro-negra. A ação reúne seis artistas convidados, cada um com uma releitura de símbolos e personagens que marcaram a história do clube. A iniciativa foi idealizada pelo presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, em parceria com o Patrimônio Histórico e o coletivo Negro Muro, como forma de celebrar os 130 anos do Rubro-Negro e aproximar o clube da cidade.


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A abertura reuniu torcedores e curiosos ao longo da manhã. Muitos pararam no trânsito apenas para observar os detalhes das pinturas, um efeito que o próprio presidente antecipou. Ele contou que agentes de tráfego da região, rubro-negros, elogiaram o resultado e brincaram que agora precisariam lidar com carros reduzindo a velocidade para admirar as obras.

A proposta nasceu da percepção de que aquele trecho dos muros permanecia vazio e não dialogava com o entorno. A ideia evoluiu até se tornar uma exposição permanente, que será ampliada ao longo dos próximos meses. Segundo Bap, a intenção é que novas pinturas sejam acrescentadas gradualmente, sempre com curadoria artística e abertura para diferentes criadores.

Uma linha do tempo pintada na rua

A caminhada ao longo do muro funciona como um percurso pela história do clube. O visitante começa com a “Mística”, mural de Mateus Velasco. O urubu aparece estilizado em xilogravura, com asas abertas e traços de madeira entalhada. Uma cobra coral percorre o fundo, evocando as cores que moldaram a identidade rubro-negra. Um pequeno ramo de arruda surge quase escondido, símbolo de proteção e da crença rubro-negra no improvável.

Adiante, Gugie Cavalcanti apresenta “Nação”, um mar de rostos que traduz o peso emocional da torcida. O vermelho e preto dominam a cena, criando a sensação de movimento de quem já viveu uma arquibancada em dia decisivo. A artista define sua obra como uma tentativa de capturar o amor coletivo que sustenta o clube.

O coletivo Negro Muro assume a sequência com “Ele vibra, ele é fibra!”. A dança, o funk e o corpo em movimento se misturam a ídolos que representam vitórias em diferentes campos. Entre eles, Érica Lopes, a Gazela Negra, aparece sorrindo em plena corrida. Ary Barroso surge ao lado, gaita em mãos, junto de Leônidas da Silva, o Diamante Negro.

A poucos metros, o mural de Dolores Esos, “O manto e a fé rubro-negra”, contrapõe o peso simbólico do uniforme com a devoção do torcedor. Um close no Manto Sagrado divide a cena com São Judas Tadeu e o radinho que eternizou o comentário de Apolinho no gol de Pet, em 2001. A estética remete a cartazes esportivos que evocam embate e força.

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Acme conduz o olhar para outro capítulo da memória rubro-negra em “Galinho de Quintino, Buck e a Maior do Mundo”. Zico aparece como elemento central, unido à energia das multidões. A obra também homenageia Buck, figura essencial para o desenvolvimento do remo no clube, e faz referência à Charanga Rubro-Negra, de Jayme de Carvalho.

Fechando o percurso, Bruno Big assina “O Alvorecer Magnético”, que revisita o nascimento do Flamengo. Tons de amarelo reforçam a ligação com os primórdios do clube, fundado no mesmo dia da Proclamação da República. Canoas com nomes indígenas e referências ao remo sublinham a origem heroica do Rubro-Negro, que começou vencendo nos mares antes de dominar os gramados.

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Arte que devolve a cidade ao torcedor

A exposição funciona como celebração e também como devolução simbólica do Flamengo à cidade. As pinturas, expostas ao trânsito diário, transformam um espaço antes neutro em ponto de encontro, fotografia e contemplação. Para o clube, é uma forma de reafirmar identidade e aproximar novos públicos.

O Flamengo não pertence apenas aos seus torcedores. Pertence ao Rio”, afirmou Bap durante a inauguração. Segundo ele, a ideia é expandir a intervenção artística por todo o muro da Gávea, mantendo o espaço vivo, com novas obras a cada mês.

Ao fim da manhã, torcedores destacavam preferências individuais: a homenagem a Érica Lopes, a força da pintura do Moraes, a imponência do urubu de Velasco. Cada obra parece ter encontrado seu público. Do outro lado da rua, quem passa desacelera, observa e fotografa. A cidade reage.

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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio) e Gilson Lima (@GilsonFlaLima)

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Tulio Rodrigues

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