Um quase assassino (de sonhos)

Um quase assassino (de sonhos)

Chega ao ponto de pisar os pés na areia macia e dourada do paraíso, mas por um acesso de loucura ou de desgosto com a própria existência, recua. Mas são os nossos pés que voltam ao asfalto quente com pés descalços. O ardor, o flagelo… são nossos. É nossa a angústia, pois ele não parece a dividir conosco. Não existe tática, técnica, ciência, não existe nenhum parecer isento de passionalidade capaz de definir os motivos para ele agir de forma tão cruel com quem o abraça, apoia, e… sustenta. Ele parece entrar no quarto de hospital, na calada na noite, driblando enfermeiras sonolentas, vislumbrando desligar os aparelhos que fazem nossos sonhos respirarem.

Quem é ele? Um quase assassino de sonhos: é o típico jogador do Flamengo em 2015. E o que ele quer? Qualquer copo de Stella Artois gelada, muito longe de nossas lamentações.

Não, por favor, não me venham com cunho político. Houveram amarras, restrições, esqueletos no armário… um orçamento curto e uma montagem compreensível dentro das possibilidades, erros, aos quais todos somos passivos, à parte. E quem hoje é dissidente sabe disso. Em todo caso… ainda defendo que não temos um elenco  ruim. E não nos planejamos pior, muito menos amarramos contratos menos bem elaborados e interessantes do que em 2013, e 2014. Ou alguém realmente acredita que no ano em que trouxemos Guerrero, Sheik, e até mesmo o Ederson, o planejamento tenha regredido?  Minha opinião: houve amadurecimento.

Será que uma eventual necessidade de insumos é mais crítica ao resultado do que a total falta de comprometimento? Muitas vezes não. Pois todo time é capaz de realizar o básico e, se o temperar com vontade, buscar e lograr o resultado. Mesmo quando falta perna, quando a qualidade é um pouco (ou um muito) mais questionável. Mas nenhum é tão fadado ao fracasso quanto o que cria uma barreira a vibração extrínseca e desconhece a motivação.

Esse time não se acredita. Esse time não tem sangue, e ausência de raça é algo muito mais severo do que falta de sorte. Aliás, esse time também não sabe que a sorte, até ela, tão abstrata, considera capacidade e oportunidade. Esse time não sabe que as adversidades se driblam, que os poderes se vetam diante do furor onipotente do sagrado Flamengo. Esse time não se vê Flamengo e não sabe que para conceber um milagre, é preciso buscá-lo.

A gente realmente não precisa de uma bravata (e que não tem bravateiro nessa gestão, nem mesmo na pasta de futebol, é fato) ou mensagem positiva de ninguém, acredite. A única resposta que nos interessa, é suor molhando o campo. Só queremos o reflexo dos nossos esforços em prol do Manto. Só queremos a honra de defender o Manto, em fase de transformação histórica do clube, sendo traduzida na honestidade do simples, mas que é feito com vontade. Aqui ninguém finge que paga, e aqui o profissional é protegido como em poucos clubes o é. Mas aqui, o respeito que abandonou o Vasco (ou nunca esteve com ele) é unilateral.

Se eu disser que pedi a conta e botei Maysa (Meu Mundo Caiu) na jukebox para a saideira, estarei mentindo deslavadamente. Ainda acredito, pois se a eles falta, pra mim sobra fé… e números. Complicou, mas é palpável. Tornou-se mais longe, mas isso aqui é Flamengo.

SRN!

Bruna Uchoa

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Tulio Rodrigues