Confesso que fui chato no início do ano com o pensamento de “menos loucuras e mais economia”. Assim como muitos, eu via o time não corresponder em campo como deveria e me “divertia” com aquilo. O mesmo eu pedia à torcida. Admito hoje que cometi uma certa dose de infantilidade no sentido do futebol.
O torcedor viu Jorginho esbarrar em situações estranhas e insistir em erros pequenos, que podiam facilmente ser resolvidos com mudanças básicas. Jorginho caiu e, enquanto o Flamengo não sabia quem trazer e sonhava com vários nomes no mercado, Jaime de Almeida, de forma simples e básica — porém brilhante —, fez o time ir jogar no Heriberto Hülse, em Santa Catarina, e bater o temido Criciúma – uma das sensações do Campeonato Brasileiro até então. O time jogou solto, sem pressão, e venceu por 3 a 0, fácil – num dia em que tudo deu certo.
Dias depois, durante a Copa das Confederações, chega Mano Menezes. Após várias tratativas com a diretoria, ele é contratado e anunciado como novo técnico do Flamengo. Eu continuava com a “chatice” de que “o Flamengo vai se encrencar se trouxer o Mano; melhor apostar em qualquer outro nome no mercado, que seja barato”. Meu pensamento era baseado na ideia de que, se algo não saísse como planejado, se começasse a ruir tudo que ele vinha executando no Flamengo, a torcida fizesse pressão e a diretoria – como um soldado que acata uma ordem do coronel – o demitisse rapidamente.
De fato, dá medo imaginar tal situação daqui a uns tempos. Meses ou, se tudo der certo, anos de trabalho.
E hoje, deu para notar um Flamengo mais incisivo em campo. Como quem havia tirado um peso enorme das costas. Um Flamengo tocando bem a bola, trabalhando-a desde a defesa até o ataque, sem medo de jogar e de ganhar. Tanto que o São Paulo, na minha modesta opinião, não conseguiu jogar.
E a competência do Flamengo deu retorno. Leonardo Moura, muito contestado pela torcida – inclusive por mim – e que vinha fazendo uma boa partida até então, teve um pênalti a cobrar. Perdeu! Mas outro que vem em crescente no Flamengo conseguiu redimir o companheiro (se é que isso é possível).
Aos 12 da segunda etapa, em jogada que se inicia no meio-campo, Paulinho recebe a bola e dá um chapéu na marcação. Conclui a jogada dominando a bola na frente e, sem deixá-la quicar duas vezes, passa por elevação para Marcelo Moreno, que vê a zaga do São Paulo ficar pelo caminho e finaliza de esquerda, colocado, no canto esquerdo. O Flamengo abria o placar e já pairava na minha mente: “Agora, como sempre vi nesses meus 12 anos de torcedor, o Flamengo irá se acovardar e chamar o São Paulo para o seu campo.” Ledo engano!
Fiquei feliz por ter visto o time jogando bem e tentando mais gols. Marcando, pressionando o São Paulo na saída de bola muitas vezes. O time trocando passes com calma, tentando tabelas e jogadas individuais. E fico mais feliz ainda pelo discurso ‘pé no chão’ de Mano ao fim do jogo.
Ele sabe que tem muita coisa a acertar nesse time. Sabe da pressão que existe num clube da grandeza do Flamengo. E sabe que tem o aval de boa parte da torcida. Só espero que não aconteça como com muitos outros treinadores que já passaram por aqui e que, não só eu, mas praticamente toda a torcida apoiou de todas as formas, mas não deram certo e deixaram um temor subir à cabeça.
Mano sabe que tem o aval de uma imensa parte — senão de toda — da torcida do Flamengo. Resta apoiar, esperar os jogos, os campeonatos, e torcer para que ele dê certo — muito certo — pelo Flamengo. Porque é um tiro que não pode, de maneira alguma, sair pela culatra.
—
Twitter: @43Germano
Sigam-nos no Twitter: @BlogSerFlamengo