Uma pulga do tamanho de um boi

Ao fim do último jogo, no sábado (1º), contra o Atlético-PR, o assunto era: “O Flamengo não joga com velocidade, não cria nada…” E, ao fim do jogo de ontem, contra o Náutico, nada mudou.
O fator casa pode, sim, estar atrapalhando o Flamengo neste Campeonato Brasileiro, como já o atrapalhou em outras ocasiões — mas, depois, o time conseguiu recuperar os pontos no segundo turno. Sim, esse é certamente um dos fatores para a má fase do time. Mas não pode ser o fator principal.
Não pude ver os primeiros quinze minutos de jogo, que, segundo o comentarista do canal PFC, foi nesse tempo que o Flamengo ‘infernizou’ a zaga do Náutico, colocando pressão nos pernambucanos.
Daí a dúvida surge: se isso ocorreu nos primeiros quinze minutos, por que não fazê-lo durante todo o resto do jogo, a fim de conseguir os gols e se tranquilizar?
Esqueci de citar isso no post passado, mas faço agora: no sábado, o Flamengo tentava sair jogando a 5 km/h, trocando passes lentos; em contrapartida, o Atlético-PR roubava-lhe a bola e saía a 100 km/h, deixava a zaga do Flamengo ainda mais bagunçada do que já é, e atormentava Felipe — que não pôde evitar os dois gols que tomou.
A mesma coisa aconteceu ontem. Porém, o Náutico só precisou de uma bola, um contra-ataque — que foi até lento, diga-se — pra resolver o jogo. Hugo passou como quis por Luís Antônio — que já foi melhor, bem melhor — e cruzou para o atacante, que, sem dificuldade alguma, finalizou com o pé direito e tampou o caixão do Flamengo.
Renato Santos, por que tamanha dificuldade em cortar uma bola que vinha em sua direção e apenas assisti-la viajar até o adversário para ser concluída em gol? Jorginho, onde está o menino Rodolfo? Por que não jogar com pelo menos um homem de criação? Renato precisa ser expulso para não ser relacionado para um jogo?
Ontem o Flamengo foi a Santa Catarina porque, como já é do conhecimento de todos — ou quase todos —, no Rio de Janeiro, infelizmente, não temos lugar para jogar. Maracanã ‘fechado’, Engenhão ‘com problemas’ (o problema do Engenhão é existir), Volta Redonda não é palco para a grandeza do Flamengo — mesma coisa para o estádio de Macaé.
Enfim… já não temos casa para jogar. O que poderia restar para ao menos deixar o torcedor feliz? Vitórias e um bom futebol. Temos algum? Nada! O Flamengo vem jogando com medo de quem enfrenta. Ontem foi assim: tocava pro lado, não atacava, não arriscava, com medo da retranca do Náutico. Se a pretensão do Náutico, como foi dito na transmissão, é apenas não cair — e jogando melhor daquele jeito —, imaginemos qual é a pretensão do Flamengo no campeonato, jogando com aquele medo absurdo.
O próximo compromisso do Flamengo é contra o Criciúma e… dá pra ficar confiante numa vitória com o time jogando com esse medo tão grande de atacar? Jorginho prefere não ver, mas está com uma pulga do tamanho de um boi lhe coçando as orelhas.
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Germano Medeiros
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