Veja em detalhes o que a direção do Flamengo fez para afastar o Off-Rio do clube e seus objetivos com as ações
Na reunião desta segunda (09), o Conselho Deliberativo do Flamengo aprovou uma emenda que limita a associação na categoria Off-Rio. Mas será que isso começou agora? Trazemos aqui a ação da direção do clube que vem desde 2020, procurando minar a participação do torcedor de fora do Estado do Rio nas decisões e participações políticas no Mais Querido
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Em maio de 2020, um projeto de lei foi protocolado na câmara dos deputados com objetivo de alterar alguns artigos da Lei Pelé. Em um deles, toda associação esportiva passaria a ser obrigado a adotar a votação não presencial em suas eleições. No dia 16 de julho, o texto final foi aprovado e encaminhado ao Senado no dia seguinte, conforme os ritos do Congresso Nacional.
Em agosto do mesmo ano, 40 dias depois do texto chegar ao Senado, o Flamengo anunciou o aumento abusivo de 165% das mensalidades do Off-Rio. O valor saiu de R$ 64,00 para R$ 170,00. Em 2020, o Flamengo contava com cerca de 1500 associados na categoria. Os números foram caindo vertiginosamente. Atualmente, há somente 370 sócios desta natureza.
No dia 22 de setembro, o texto final foi aprovado no Senado e encaminhado para sanção de Bolsonaro, que o fez em 14 de outubro. A partir dali, o voto à distância era obrigatório. Inclusive, foi com base nesta lei, que o Vasco foi obrigado a ter eleições híbridas. Com isso, a oposição do Flamengo começou a provocar os conselhos internos do clube, pedindo o cumprimento da nova legislação.
Nesse meio tempo, o grupo político “Flamengo Sem Fronteiras” protocolou uma emenda para que a categoria Off-Rio fosse formalizada no estatuto. Quando a peça chegou à Comissão Permanente Eleitoral, o texto foi modificado e ganhou a primeira versão do que viria a ser aprovado depois. De início, a limitação era de somente 600 associados Off-Rio. O Fla sem fronteiras retira a sua proposta com o argumento de que sua ideia foi alterada, pois jamais pensaram em limitação, mas em abertura do quadro associativo.
Chegou 2021, ano eleitoral e o então candidato a presidente pela oposição, Walter Monteiro, entrou na justiça para que a as alterações da Lei Pelé fosses cumpridas. Houve até uma decisão favorável na primeira instância, mas o jurídico do Fla conseguiu uma decisão a favor da eleição presencial. Um dos argumentos foi esse:
“E, neste ponto, é preciso distinguir a atividade futebolística, reconhecido nacional e internacionalmente, da associação recreativa sediada no seio da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Muito embora a relevância esportiva da instituição tenha alcançado níveis estelares, atraindo, por consequência, associados das mais diversas localidades, a verdade é que a vida social do FLAMENGO se limita à capital fluminense“.
A eleição para presidente foi de forma presencial, Landim venceu, bem como seus aliados nos outros conselhos e o texto para formalização do Off-Rio foi tramitando no Flamengo. Mesmo com muita resistência interna e externa, os grupos de apoio da atual direção se fecharam para votar não só pela limitação dos associados da categoria, mas também contra as reuniões híbridas no Deliberativo e de Administração. Resumindo, mais uma maneira de limitar o sócio que reside fora do Estado do Rio de Janeiro.
Ainda é bom lembrar que em 2020, as Embaixadas e Consulados foram obrigadas a assinar um termo de conduta. Em caso de críticas a direção, correm o risco de serem desligadas do projeto. Como bem colocou Ricardo Hinrichsen, a escalada pode se estender a categoria Contribuinte e o clube, aos poucos, voltar aos anos 60 e 70, quando só votavam os conselheiros natos nas eleições (300 pessoas). Outro exemplo lembrado, foi o do São Paulo, clube-modelo na metade dos anos 2000.
6 – O resultado prático de concentrar o poder no SPFC nas mãos de cardeais? A transformação em 10 anos do clube que tinha a posição mais privilegiada do futebol brasileiro, dentro e fora de campo, em um clube parado no tempo, que praticamente não ganha nada há 1 década.
— Ricardo Hinrichsen (@RicardoHinrichs) May 10, 2022
Tramita no Conselho Deliberativo uma emenda para o cumprimento da Lei Pelé, mas mesmo que ela seja aprovada e posta em prática, não teremos muitos associados Off-Rio para votar nas próximas eleições. Esse parece ser o motivo, pois por que limitar uma categoria que existe desde 1995 e nunca foi capaz de decidir uma eleição?
Caso prefira assistir:
Imagem: Divulgação
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Por Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)
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