1921 a 1930
A década de 1920 foi marcante para o Flamengo. Após os títulos cariocas de 1914 e 1915, o clube voltou a erguer a taça do Campeonato Carioca em 1920, de forma invicta, e conquistou a primeira dobradinha com o remo, já que havia vencido o bicampeonato de 1916/17, sendo campeão tanto em terra quanto no mar.
A conquista de 1920 também foi fundamental para aumentar ainda mais a rivalidade com o Fluminense. Com esse título, o Flamengo impediu, pela primeira vez, o tetracampeonato do tricolor.
Em 1921, o Flamengo sagrou-se novamente campeão carioca. Os grandes nomes do time eram os atacantes Junqueira, Candiota, Nonô e Sidney. No entanto, nos três anos seguintes, o clube foi vice-campeão consecutivamente, retornando ao topo apenas em 1925. Nessa campanha, o Flamengo foi derrotado apenas uma vez – pelo Fluminense, por 3 a 1. O clube também venceu o Vasco pela primeira vez, com um placar de 2 a 0, e teve em Nonô o grande artilheiro, marcando 27 gols em 18 jogos.
Raça Rubro-Negra Popular
O ano de 1927 foi decisivo para reafirmar a força do Flamengo, tanto no futebol quanto na sua popularidade. O primeiro episódio envolveu o poder do clube no futebol; o segundo, sua fama crescente junto ao povo.
O Flamengo foi suspenso por um ano pela Associação Metropolitana de Esportes Atléticos por ceder seu campo para um amistoso entre o Paulistano e um time argentino. Isso fez com que o clube perdesse seus jogadores, que se transferiram para outros times ou abandonaram a carreira, acreditando que o Flamengo não conseguiria reverter a situação.
No entanto, a torcida se revoltou e exigiu a volta do clube às competições. Autorizado a disputar o Campeonato Carioca, o Flamengo contou apenas com jogadores que haviam encerrado a carreira. Na primeira partida, sofreu uma goleada de 9 a 2 para o Botafogo. Mesmo assim, a raça rubro-negra prevaleceu, e o Flamengo conseguiu se reerguer, conquistando o campeonato em cima do Vasco, vencendo o turno por 3 a 0 e o returno por 2 a 1.
No último jogo, o atacante Moderato exemplificou a paixão rubro-negra. Ele havia passado por uma cirurgia de apendicite dois dias antes, mas jogou usando uma cinta e suportou dores intensas durante os noventa minutos.
Outro fato marcante de 1927 foi a eleição do Flamengo como o clube mais querido do Brasil. O Jornal do Brasil organizou uma votação em que os leitores enviavam cupons indicando seu time favorito. Vascaínos tentaram manipular a votação, com jornaleiros portugueses escondendo os exemplares do jornal para só vendê-los a torcedores do Vasco. Em resposta, os rubro-negros disfarçaram-se de portugueses, recolheram os cupons cruzmaltinos e jogaram-nos no poço de um elevador ou nas latrinas. No fim, o Flamengo foi eleito o “Mais Querido do Brasil”, confirmando sua imensa popularidade.
Crescimento do Patrimônio Rubro-Negro
Enquanto conquistava títulos no futebol e no remo, o Flamengo também se movia para expandir seu patrimônio. Em 1920, os sócios autorizaram a diretoria a comprar os prédios nº 66 e nº 68 (antigo nº 22, residência de Nestor de Barros, onde foi fundado o Grupo de Regatas do Flamengo), onde já se encontrava a sede náutica e social do clube.
No fim da campanha de arrecadação entre os sócios, em 25 de março de 1925, o presidente Faustino Esposel anunciou que o prefeito do Rio de Janeiro, Antônio Prado Jr., cederia ao Flamengo uma área de mais de 34 mil metros quadrados às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Com essa possibilidade, a diretoria hipotecou os prédios nº 66 e nº 68 para conseguir os fundos necessários para iniciar as obras na Gávea, onde seria construído o estádio do Flamengo.
O primeiro jogo na Gávea, ainda sem muros e com cercas improvisadas de madeira, ocorreu em 26 de novembro de 1926, entre a Liga de Amadores de Foot-Ball (São Paulo) e a Association de Amateurs de Argentina.
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