-Boa tarde! Sente-se por favor.
-Boa tarde, doutor.
-Então, o que está te incomodando?
-Olha doutor, sinto umas dores na boca do estômago, calafrios, e constantemente tenho surtos de histeria.
-Como assim histeria?
-Histeria… Sei lá, vontade de gritar, de arrancar os cabelos. Sair correndo por aí. Às vezes tenho visões muito loucas, sabe como é?
-Humm… Quando começou a sentir esses sintomas?
-Já senti outras vezes, mas essa crise começou… Deixe-me ver… bem, talvez 06 ou 07 de novembro…
-Faz uso de algum tipo de entorpecente, drogas?
– Drogas, doutor? Meu negócio é bem mais forte bem mais complicado!
-Como o quê, por exemplo?
-Sou Flamengo.
-Querida, eu não opero milagres. Seu caso é recorrente e não tem cura. Recomendo que aguente mais um pouco. E aguarde até a próxima crise.
-Mas nenhum calmante, nenhum chá?
– Sim, um chá… Curar não cura, mas alivia. Chá de brocada.
O peito descompassa, histeria, calafrios. Só de imaginar a noite de amanhã, o corpo sente. Não há médicos, não há religião. É pagar pra ver, ter peito pra aguentar a pressão. Mesmo aquele que vai acompanhar do seu sofá, terá adrenalina armazenada para o resto do ano. É o medo de perder, é a ansiedade de conquistar. E, em alguns casos, ensaiar o que dizer e a quem dizer em caso de uma catástrofe. Em raríssimas situações, talvez dê para se poupar das zoações em caso de mau resultado, mas de forma alguma há como se esquivar dos sentimentos. Ninguém quer tentar dormir com gritos entalados na garganta, ninguém quer provar da frustração. Portanto não é fácil nem imaginar uma tragédia no Maraca. Que os antis engulam suas pragas, e o Fla honre as nossas expectativas!
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