O Maracanã morreu! #SOSMaracanã

 A primeira vez que fui ao Maracanã, eu tinha 11 anos de idade. Para mim, o Maracanã era do Flamengo, do Vasco, do Botafogo, do Fluminense… Do futebol carioca e nacional. Já havia me acostumado a ver jogos da Seleção Brasileira e de todos os clubes cariocas. Acredito que assim como eu, outros tenham se emocionado ao entrar no templo do futebol pela primeira vez. O frio na barriga se seguiu por longos anos, todas as vezes em que ali entrava.

Eu fui a todos os setores do antigo Maracanã, exceto tribuna e camarotes. Conhecia aquele Maracanã com a palma da minha mão, ali me sentia com se estivesse em casa literalmente. Aquele monumento era muito mais do que um amontoado de cimento. Ali eu sorri, eu chorei, saí triste, feliz, mas para assistir futebol, eu nunca conheci lugar melhor. Ali eu aprendi a pluralidade e diversidade de raças, credos, condição social… O Maracanã era de todos.

Após as inúmeras reformas, nada se comparou a ultima para a Copa de 2014. Quando entrei no Maracanã para o retorno do Flamengo ao estádio, num Flamengo x Botafogo, em 2013, eu demorei a me sentir na minha casa. O Maracanã por dentro é outro. A minha arquibancada parece não ter fim, os locais em que peguei chuva e sol, agora são os lugares mais nobres, assentos marcados, cadeira retrátil, padrão Fifa. Ainda senti um pouco daquela alma antiga, ela ainda está ali, o Geraldino permanece ainda em algum lugar, mas permanece. A dor ainda estava por vir.

Ano passado assiti ao documentário “Geraldinos” de Pedro Asberg e Renato Martins. Ali, eu me dei conta de que o meu, o seu, o nosso Maracanã não existe mais. Há um esqueleto arquitetônico por fora e outra coisa por dentro. O Mario Filho morreu! Eu chorei! Depoimentos de Lúcio de Castro e Marcelo Freixo mostram isso assim como o de Marcelo Frazão, Diretor de Marketing do Maracanã na época que disse: “A geral é um espaço que literalmente ninguém sente saudades, um espaço incomodo para assistir aos jogos e inseguro, quase insalubre”. Tenho certeza que ele hoje se arrepende do que disse, pois erámos felizes e não sabiamos.

Ainda no documentário, o Frazão ao ser quistionado sobre a relação com os clubes e público, resumiu o Maracanã de hoje repetindo diversas vezes as palavras: “financeiro”, “corporativismo”, “equipamento”, “camarote”… Isso é o Maracanã de hoje. Por causa desses pensamentos e objetivos, o Maracanã se tornou um elefante branco em pleno estado em que o futebol traz quatro clubes grandes do país e com dois deles com interesse direto em administrá-lo. Flamengo e Fluminense sempre foram deixados de lado em todas as negociações do ex governador e agora detento de Bangu I, Sérgio Cabral para atender o seu oxigênio, um adjetivo para a propina que recebia de uma obra bilionária.

Após as Olimpiadas no Rio, alguns jogos dos clubes e do Jogo das Estrelas, o Maracanã ficou as escuras, sendo invadido, em total estado de abandono. Cris Dissat, do blog Fim de Jogo foi uma das primeiras a denunciar. A grande mídia permaceu silenciada durante dias e a independente foi fazendo barulho nas redes: O portal Mundo Rubro Negro postou diversas matérias sobre e o site Agência Sportlight publicou um longo texto do jornalista Lucio de Castro fez mostrando que o que foi feito com o Maracanã mesmo sendo um patrimônio tombado, foi um crime. Em seguida diversos sites esportivos da grande mídia e telejornais foram atrás do que está acontecendo. A Odebertch, empresa envolvida no maior caso de corrupção do país e que deveria ter perdido a licitação, não quer o estádio, não aceitou recebê-lo da Rio 2016 que diz ter entregue ao Governo do Estado que também que não quer o Maracanã, mas em nenhum momento contestou ou refogou os direitos da Odebertch na licitação e ainda vai permitir que a empresa venda essa licitação a outras empresas. E os clubes continuam de fora.

A quem pertence hoje o Maracanã? Quem tem as chaves do estádio? Quem vai pagar os prejuízos que vem sendo causados a um patrimônio público custeado com o dinheito dos cidadãos de um estado falido? Mataram o antigo Maracanã e esse nem levou uma década para tal. O Maracanã morreu!

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Tulio Rodrigues

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